DE CORONEL A COITADINHO Ricardo Coutinho amorcega em Lula para agregar narrativa de perseguido pelo Gaeco e a Justiça
O esquema girassol, de viés ricardista, fez veicular, nos últimos dias, informes, primeiro sobre um bilhete supostamente enviado pelo ex-presidente Lula com elogios e, agora, que o ex Ricardo Coutinho irá atuar como testemunha do petista no processo das concessões fiscais para a Fiat. Impressiona com o ex-governador não consegue inovar em sua prática. Não se reciclou.
Ora, está evidente que seu objetivo é amorcegar no que ainda resta da popularidade de Lula, e criar uma narrativa de perseguido político, à medida que avançam as investigações da Operação Calvário. Está claro que não morre de amores pelo petista. Mas, como precisa agregar-se ao petismo, até porque não tem mais forças políticas em que se apoiar, recorre a esse estratagema.
A prática de amorcegar-se está intimamente ligada à sua biografia. Vamos aos fatos. Em 2004, quanto decidiu ser candidato a prefeito, e diante da iminente derrota para Ruy Carneiro, amorcegou-se no PMDB de Zé Maranhão, que, mesmo a contragosto, retirou a candidatura de Manuel Júnior para apoiar sua postulação. Foi eleito com Manuel Jr de vice, mas, poucos meses depois, detonou o parceiro.
Em 2008, como tinha a reeleição garantida, descartou vergonhosamente o mesmo PMDB, recusando, inclusive, a indicação que o partido fez de Gervásio Filho para a vice. Uma vez reeleito, dois anos depois, foi aos Estados Unidos atrás de Cássio Cunha Lima, para suplicar seu apoio na disputa ao governo do Estado. Aproveitou-se da mágoa de Cássio contra Maranhão. No fim, Cássio embarcou no seu vampirismo político.
Em 2014, detonou Cássio e foi amorcegar-se nos irmãos Luciano e Lucélio Cartaxo, na disputa da reeleição. Mesmo assim, perdeu a disputa no primeiro turno. Então, novamente, foi amorcegar-se no PMDB de Zé Maranhão. De quebra, trouxe a então presidente Dilma e seu vice Michel Temer, depois de ter criticado abertamente a petista no 1º turno. O importante era ganhar de todo jeito. Em todos os casos, o que prevaleceu foi seu interesse pessoal e o afã pelo poder a todo custo.
Agora, com o avançar das investigações no escândalo da Cruz Vermelha, assume a postura de coitadinho, tentando apresentar-se como vítima de perseguição do Gaeco e da Justiça. Mas, até um dia desses, era o coronelzão que atacava adversários com ameaças de surra de varas e chibatadas. Então é assim que busca associar sua história à narrativa de Lula de perseguido político. Na verdade, Lula já escolheu melhor seus parceiros.