Ao mestre com carinho: deputados se estranham por causa de CPI do Avião
Tudo começou, quando o deputado Trócolli Júnior chamou seu colega Carlos Dunga de “professor”, por dar uma “aula crítica” contra a instalação de uma pretensa CPI para apurar o uso do avião do Estado pelo governador e a primeira-dama, Pâmela Bório. Dunga reagiu, afirmando que se fosse professor não daria permissão para assinarem a CPI e que o assunto já está sendo analisado pelo TCE.
Disse Dunga: “Deputado Trócolli Júnior me chamou de professor. E eu não professor, porque se fosse não daria permissão para vossa excelência (Gervásio) e ele assinarem essa CPI. Sabe por quê? Porque quando não se quer fazer nada, se assina uma CPI.” E insinuou que Trócolli chegou até a falar em pornografia tratando do assunto.
O primeiro a reagir foi Trócolli: “Qual foi a pornografia que eu falei?” Dunga recuou: “Eu não sei!” Depois foi Gervásio: “Eu discordo do colega Trócolli, quando chama vossa excelência de professor. Porque, se vossa excelência fosse professor, sua aula seria terrivelmente reprovada por muitos… Vossa excelência não sabe, e sabe, mas procura defender o Governo…”
O tempo fechou. Dunga ainda tentou reagir: “Fui aprovado por seu avô, por seu primo Antônio Mariz, fui aprovado por seu pai…” E insistiu que a denúncia de Gervásio sobre o uso do avião era sem provas. Gervásio revidou: “O deputado Carlos Dunga quer transferir uma prerrogativa importante que o Poder Legislativo tem, que é acompanhar a boa utilização dos recursos públicos, de investigar.”
E acrescentou: “Sem provas? Nunca utilizei esta tribuna para fazer uma denúncia sem documentos. Quando eu disse que o avião esteve em Paraty, nós mostramos a prova com o plano de voo fornecido pelo Ministério da Defesa. Não é uma denuncia qualquer. O avião esteve sim no Rio de Janeiro, naquele período, e o plano de voo mostra isso. A primeira-dama publicou na Internet as fotos da viagem.”
Trócolli insistiu: “O deputado Dunga está com problemas de visão, porque as imagens foram exibidas no telão da Casa.” Gervásio afirmou: “Então só tenha a lamentar. Pela história de vossa excelência (Dunga), conhecendo a trajetória de sua vida, de onde o senhor veio, estar defendendo a utilização do avião do Estado para fazer turismo. A Assembleia tem que apurar e vossa excelência tem que assinar, porque fez um juramento para com o povo paraibano nesta Casa.”
E arrematou: “Mas, parece que vossa excelência está com o mesmo receio do chefe da Casa Militar. Eu não esperava isso de vossa excelência. Sabe por que? Porque eu fui colega do governador nesta Casa. E ele prezava transparência de Governo. Ele cobrava desta tribuna a vinda de autoridades para esclarecer o uso dos recursos públicos. Mas, ele mudou. E o pior é o descumprimento frontal da Constituição e das leis. As autoridades do Governo passam por cima desta Casa, vivem achincalhando com esta Casa.” Então, Dunga silenciou finalmente.
O embate entre os deputados mostra que o clima anda realmente quente na Assembleia, quando o assunto é o uso do avião King Air do Estado pelo governador e a primeira-dama, em viagens supostamente de turismo, segundo o deputado Gervásio Filho. A primeira para o casal passar o reveillon no Rio de Janeiro e Paraty. A segunda, para Pâmela receber uma comenda em Minas Gerais, por seus préstimos ao turismo mineiro.