DIA DA MULHER Minha mãe e a homenagem que a Paraíba precisa fazer as suas guerreiras
O dia da mulher é todo dia. Meio lugar comum. Mas, sempre que lembro do celebrado dia da mulher, sou levado a refletir sobre a luta das mulheres e, então, a memória me traz a história da minha mãe. Ela que lutou enquanto pode pela vida e terminou por sucumbir ainda tão jovem. Perda sem tamanho. E, tanto tempo depois, segue a mesma dor tamanha.
Termino por lembrar também das tantas mulheres da Paraíba que, nos últimos tempos, tiveram que lutar tão bravamente pela sua honra, após serem covardemente perseguidas, vilipendiadas, caluniadas ou tachadas de loucas. Essas mulheres representam o que de melhor a Paraíba tem na resistência e na bravura. Guerreiras, nunca desistem. Merecem a medalha da dignidade.
Dentre tantas, cito a juíza Lúcia Ramalho, que, perseguida, só não foi afastada definitivamente de seu emprego na Justiça, porque, primeiro, tinha a verdade a seu favor. Depois, lutou bravamente contra covardões de plantão, refugiados sob o guarda-chuva de um governo fascista. E venceu. Com sobras. Hoje, uma das magistradas mais eficientes do Judiciário paraibano. Que bela resposta!
A advogada Laura Berquó. Não bastassem todas as ameaças, inclusive contra sua vida, acabou demitida do Unipê, por obra de facínoras e fascistas. Era uma das professoras mais destacadas. Não foram poucas as vezes em que foi constrangida moralmente em audiências por agentes do Direito empoados e cheios de rancor contra a competência da mulher. Mas, Laura soube reagir com a coragem habitual e, hoje, é amplamente vitoriosa na Justiça.
Pâmela Bório. Por obra de um governo fascista, espaços de mídia pagos pelo erário tentaram construir a imagem de louca, que era a narrativa premeditadamente covarde para tirar a guarda de seu filho. E quando denunciou a existência de caixas de dinheiro na Granja Santana, foi publicamente atacada por cretinos machistas. O tempo mostrou como ela tinha razão. Recuperou o filho e a dignidade.
Inês. Simplesmente Inês. O fato de ser a mãe de Bruno Ernesto já diz muito de sua luta. Incansável guerreira que segue lutando para desvendar o crime de seu filho, contra toda a maquinaria de um mecanismo fascista. Hoje, a Paraíba não tem mais qualquer dúvida da face da maldade de onde partiu a ordem perversa para ceifar a vida de um jovem que apenas queria descobrir a verdade.
Janaína Alexandre Alves. Ex-babá da Granja Santana nos primeiros do governo Ricardo Coutinho. Foi, juntamente com Pâmela, uma das primeiras a denunciar a existência de caixas de dinheiro na Granja Santana. Ameaçada de morte pelos fascistas conhecidos, foi obrigada a deixar o Brasil e, hoje, na Espanha, tenta reconstruir sua vida. Teve a coragem que tantos homens jamais tiveram. Hoje, a história mostra como tinha razão.
Poderia seguir citando tantas outras que, nos últimos anos, lutaram praticamente sozinhas, sem apoio de entidades feministas e afins. Foram deliberadamente esquecidas pelas militantes que se diziam defender as mulheres. E quanta vergonha essas “militantes” não devem ter hoje (caso tenham dignidade), após terem se acovardado, enquanto mulheres bravas eram levadas ao cadafalso num governo fascista.
É nessas e muitas outras bravas mulheres que me ancoro para estender a minha homenagem, não apenas a minha mãe, tão imensamente presente em todos os meus dias, mas também a todas as verdadeiras mulheres que ajudam a construir um mundo melhor com a leveza e a delicadeza corajosa que os homens não conseguem.