Dilma poderia ter evitado o processo de impeachment no começo do 2º mandato
Na semana passada, após várias declarações duras contra o processo de impeachment, a presidente Dilma finalmente acertou a mão, ao defender um projeto de unidade nacional, caso sobrevivesse ao holocausto do pedido de impedimento. Foi seu pronunciamento mais lúcido. Mas, era já tarde demais. Esse deveria ter sido seu discurso logo que tomou posse para o segundo mandato.
Aquele teria sido o momento mais adequado. Naquele instante, quando já tinha uma radiografia da situação do País e tinha consciência de ter exagerado durante a campanha, ao passar a impressão de um cenário irreal da economia. Seria momento de abrir o coração para a Nação, admitir os erros e convocar o País para um pacto de unidade. Teria, inclusive, minimizado a crise pelo qual o País passa.
E, mais importante, poderia ter evitado o acirramento da crise política e o consequente pedido de impeachment, eis a verdade. Resultado: uma pena que grande parte do processo tenha sido conduzido por parlamentares envolvidos em escândalos, como o caso do deputado Eduardo Cunha, presidente da Casa, o mentor intelectual. E ele não conseguiria se não houvesse clima para o pedido de impeachment.
A presidente Dilma provavelmente ainda alimenta a esperança de evitar a confirmação do processo de impeachment no Senado Federal. Talvez consiga. Mas, é matematicamente muito mais difícil do que foi a disputa na Câmara Federal. Na Câmara, foram necessários mais de dois terços (os tais 342 votos). No Senado, metade mais um, ou seja, 41 dos 81 votos.