DURANTE PANDEMIA Mais de 148 mil pessoas morreram este ano vítimas de doenças cardíacas e muitas poderiam ser evitadas, diz médico
Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia indicam que as doenças cardiovasculares causam o dobro de mortes que aquelas devidas a todos os tipos de câncer juntos, 2,3 vezes mais que as todas as causas externas (acidentes e violência), 3 vezes mais que as doenças respiratórias e 6,5 vezes mais que todas as infecções incluindo a AIDS.
Somente em 2021, mais de 148 mil pessoas morreram no Brasil vítimas de doenças cardíacas, conforme dados do Cardiômetro criado pela SBC. No entanto, para o médico Valério Vasconcelos, a maior parte dos óbitos poderia ser prevenida, pois está diretamente relacionada à má qualidade do estilo de vidadas pessoas.
O especialista lembra que as doenças relacionadas ao coração são a principal causa de morte no Brasil. “Muitas doenças cardiovasculares são graves e incapacitantes. A maioria delas pode ser prevenida. A prevenção implica sempre menor gasto, menos sofrimento e vidas mais longas e saudáveis”, afirma Valério Vasconcelos.
Conforme o cardiologista, o maior fator que leva a doença cardíaca a ser a causadora número um de mortes no País, provavelmente, é a deterioração do estilo de vida nos últimos 25 anos. “Hoje, todos trabalham sentados, andam de carro ou de ônibus e comem gordura saturada e açúcar. Com isso, subiu o índice de obesidade e as taxas de gordura no sangue, que são fatores de risco para doenças cardíacas”, ressalta Valério Vasconcelos. “O homem não foi criado para ser sedentário. A falta de exercícios físicos é muito prejudicial à saúde”, reforça o médico.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, ¾ da mortalidade cardiovascular podem ser reduzidas com as mudanças no estilo de vida. “A aterosclerose, que são placas de gordura nas artérias, começa na infância. Portanto, as crianças precisam crescer sem os fatores de risco. A obesidade deve ser prevenida com dieta adequada e exercícios físicos desde bem cedo”, orienta.
O cardiologista faz questão de reforçar que fumo, alimentação inadequada e sedentarismo são prejudiciais ao coração.
“Cinquenta por cento dos fumantes morrem de doenças cardiovasculares e muitos de forma fulminante. O fumo acelera a aterosclerose e leva a infartos. A gordura do sangue deriva principalmente dos alimentos. Há uma forte correlação entre colesterol elevado e entupimento das artérias do coração. A ingestão excessiva de gorduras e massas eleva o colesterol no sangue, levando a entupimento nas artérias que causam infartos e derrames cerebrais”, explica.
Autor do livro “O coração gosta de coisas boas”, Valério Vasconcelos explica que o cuidado com a saúde do coração deve ser constante, pois nem todas as doenças apresentam sintomas. “Por isso, além dos hábitos de vida saudáveis, é essencial manter os exames regulares em dia”.
Na obra, o cardiologista cita hábitos que fazem bem ao coração, como: espiritualidade, otimismo (redução de 50% no risco cardiovascular), música, uso correto de remédios para pressão alta, consumo moderado de vinho tinto e ingestão adequada de água durante o dia. “A falta de água no corpo pode elevar quatro fatores de risco para doença cardíaca: viscosidade do sangue, viscosidade plasmática, hematócrito e fibrinogênio, ou seja, o sangue fica mais grosso, dificultando a circulação do sangue. Os ataques cardíacos ocorrem mais frequentemente de manhã, quando seu sangue é mais grosso, por causa da perda de água enquanto você está dormindo”, afirma Valério Vasconcelos.
“A melhor forma de evitar as doenças cardiovasculares é controlar os fatores de risco. Prevenir é preciso”, lembra o médico, acrescentando que no livro “O coração gosta de coisas boas” há muitas informações importantes e que podem orientar a população sobre como cuidar da saúde.