E não é que a oposição está mostrando força, união e organização?
O Blog volta a veicular interessante artigo do professor aposentado, Jônatas Frazão, que tem analisado sempre com muita lucidez a cena política do Estado. Em seu mais recente comentário, “E não é que a oposição está mostrando força, união e organização?” sinaliza para, pela primeira vez, as oposições estarem unidas e organizadas na Paraíba.
Mostra que, tanto em Campina Grande, quando conseguiu unir as oposições para derrotar o grupo Cunha Lima, o ex-prefeito Veneziano pode ser o nome para unificar e organizar as oposições para a disputa contra o governador RC: “Tanto que, na solenidade de assinatura da ficha de filiação de Luciano Agra ao PEN, o que se viu foi uma oposição unida e com o mesmo discurso”.
Confira o comentário na íntegra: “É voz corrente na política que é bom ser oposição porque quem faz oposição sempre encontra discurso. E, num Estado como a Paraíba, onde tudo é mais difícil – principalmente pela realidade atual – o discurso ganha contornos bem mais amplos e consistentes. Mas ser oposição também denota dificuldades. E uma delas é a organização dos blocos, a união das correntes e a força que pode vir desta união.
Quem está no poder quer permanecer, mas quem está fora deseja ocupar o espaço ardorosamente. Isto faz com que as diversas correntes disputem este poder, causando divisão do bloco e, consequentemente, o enfraquecimento da oposição como um todo.
A oposição ao grupo Cunha Lima tentou durante duas décadas derrotar o clã em Campina Grande, mas sempre se dividia. Geralmente, lançava mais de uma candidatura em um cenário de turno único – o que só favorecia quem estava no poder – quando não se rendia aos encantos deste poder, como foi o caso da Ex-Prefeita Cozete Barbosa, que de expoente petista de oposição se aliou ao grupo Cunha Lima para abreviar o caminho ao Palácio do Bispo.
A oposição em Campina só conseguiu sair vitoriosa quando todos se uniram em torno de um nome que despontava, à época: Veneziano. E, este ano, parece que a ironia do destino coloca o mesmo Veneziano como ponto de concordância entre as forças oposicionistas do Estado. Pelo menos esta é a primeira vez que vejo, na história recente da Paraíba, numa disputa estadual, a oposição mostrar força, união e organização.
Não que o nome de Veneziano já seja o definido por todos os partidos de oposição para representar uma candidatura única. Mas acho que até mesmo o que ele tem dito nas entrevistas e debates dos quais participa tem contribuído para que as forças oposicionistas caminhem, como estão caminhando, em sentido único.
Veneziano tem colocado que, se em junho de 2014 seu nome não for o melhor para representar a candidatura de oposição a Ricardo Coutinho, não terá problemas em abrir mão da cabeça de chapa. “O importante é que estejamos juntos até lá e que, no primeiro ou no segundo turno, continuemos juntos”, tem dito o cabeludo.
A estratégia tem dado certo. Excetuando-se Wilson Santiago, que deixou o PMDB porque queria a garantia de vaga na chapa majoritária, todos tem demonstrado desprendimento, neste aspecto. Todos têm dito que não pensam nisso agora. E o discurso é reforçado com a prática, pois não se vê – com a exceção de Wilson Santiago, como falei – qualquer dos atores lutando pelo papel de protagonista. Pelo menos agora, momento em que começam as definições para 2014.
Tanto que, na solenidade de assinatura da ficha de filiação de Luciano Agra ao PEN, o que se viu foi uma oposição unida e com o mesmo discurso. Até mesmo o PP de Enivaldo, Aguinaldo e Daniela, que saiu da eleição municipal em Campina Grande chateado com o PMDB, estava na mesma mesa, de mãos dadas com Veneziano.
A exceção a esse mar de rosas que tem sido a relação entre os oposicionistas até o presente é o PT, que não se representou na solenidade de Agra. Mas, caladinho – como, aliás, tem feito até agora – Veneziano busca o entendimento que tem mantido com os petistas, realçando o diálogo, sobretudo, com o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, podendo, a depender de sua habilidade política, não deixar que o PT escape deste coeso grupo.
É, já não se faz mais oposição como antigamente. A de hoje pensa melhor e age com mais força, união e organização. Ponto para eles, preocupação para RC.”