E se o governador desistisse de desistir? Que razões levariam RC dar marcha à ré?
Um inocente comentário do Blog, elencando as principais razões que levaram o governador Ricardo Coutinho a permanecer no poder, meu caro Paiakan, deixou iracundos alguns ricardeiros mais radicais. E era apenas uma constatação de que, entre o risco de disputar o Senado, e ficar apegado ao Governo, até o final do ano, o governador, em princípio, preferiu aferrar-se à cadeira no Palácio da Redenção.
Mas, e se, de repente, o governador desistisse de desistir? Quais seriam suas maiores motivações? Bem, de cara, a possibilidade de conseguir um mandato de senador, afinal pesquisas que circulam por ai, aparentemente, dão a sua excelência favoritismo para uma das duas vagas. Se bem que ninguém está eleito por antecipação. Além do mais, é claro, não correria o risco de carimbar seu visto de político como o timbre de “cassado”.
E toda a Paraíba sabe do exaustivo uso desse vernáculo pelo governador e sua mídia chapa branca para achacar seu principal adversário, o senador Cássio Cunha Lima. Ora, há a AIJE do Empreender no forno para ser julgada pelo Tribunal Regional Eleitoral, e seria uma desmoralização sem tamanho o acabar ano e a Corte não julgar essa ação. O próprio desembargador Carlos Beltrão, novo (quarto) relator dessa AIJE já sinalizou que levará a julgamento.
E ainda existem, obviamente, as AIJEs que já subiram e que, em breve, poderão ser julgadas por outra Corte, o Tribunal Superior Eleitoral. Não há absolutamente nenhuma garantia de que o governador escapará ileso de todas essas ações. Aliás, é previsível que, em pelo menos uma delas, o governador sofra um revés pesado. Estando no mandato, poderia ser cassado. Fora dele, seria punido “apenas” com a inelegibilidade de oito anos até 2022.
Um dos efeitos colaterais de desistir de desistir seria entregar o Governo precisamente à vice que tanto desdenha e despreza, Lígia Feliciano. Especialmente após deixar vazar para a Imprensa que Lígia estaria, nos últimos dias, tentando montar um Governo paralelo, na expectativa de assumir. Sabe-se que, há poucos dias, dez deputados da base de sua excelência estiveram com Lígia e Damião. Pessoal e remotamente, o que deixou o governador muito furioso. Inclusive, no Diário Oficial deste sábado (dia 7) começou a exonerar aliados da vice (Mais em https://goo.gl/vQwbQB)
Outra consequência, essa mais grave, seria em relação à candidatura de João Azevedo. Sem estar no comando do mecanismo, ou melhor, da máquina estatal, o governador até seria um parceiro de chapa (como candidato a senador) impulsionador da campanha de Azevedo, mas jamais com a força de quem tem a caneta oficial nas mãos. Ele teria chances de se salvar com um mandato, mas João… Iria pro sacrifício.
Mesmo assim, sua excelência ainda poderia desistir de desistir? Depende. Ele pode ter anunciado a permanência como uma manobra para sondar como agiriam as oposições. Agora, ao saber que as oposições seguem num impasse, ele pode simplesmente dar marcha à ré. E com qual pretexto? Bem, meu caro Paiakan, ele poderia simplesmente alegar que recebeu um telefonema do ex-presidente Lula implorando para que ele seja candidato. Que poderia ser verdade ou apenas golpe de marketing. Quem iria saber?