EM AGUIAR Pesquisadores inauguram no início de 2023 o radiotelescópio Bingo com investimento de R$ 30 milhões
A Paraíba ingressa na era de ouro da astronomia. A Universidade de São Paulo anunciou, esta semana, que o radiotelescópio Bingo, sendo instalado em Aguiar (Vale do Piancó), deverá entrar em operação ainda no primeiro semestre de 2023.
O objetivo, segundo a USP, é mapear e analisar emissões de gases no céu, captadas como ondas de rádio, para entender o funcionamento de uma das regiões mais desconhecidas do Universo, o setor escuro, conforme relato do coordenador-geral do projeto, o físico Elcio Abdalla.
O aparelho tem orçamento previsto de R$ 30 milhões, em recursos da Fapesp, da Finep (Financiadora de Estudos e Pesquisas), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do governo da Paraíba, por meio da Fapesq (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Paraíba), além de contribuições da China, dentre outros países
Setor escuro – De acordo com o físico, a ideia do radiotelescópio surgiu em 2010, quando já fazia pesquisas teóricas sobre o setor escuro: “Ele corresponde a 95% do Universo, é a parte que nós não vemos. Nessa ocasião tivemos um contato com a Universidade de Manchester, no Reino Unido, para estender o estudo teórico ao campo experimental; fazer física teórica é uma parte do entendimento, o que propomos é observar a estrutura dessa parte fascinante do Universo, que pouco conhecemos.”
O professor explica que a existência do setor escuro foi prevista na década de 1930 do século passado. “As pessoas olhavam para o céu e viam pontos com atração eletromagnética, mas que não tinham luz. Durante mais de 70 anos houve um mistério, as pessoas não sabiam se o setor escuro existia ou não, até o momento em que se verificou que há dois tipos de objetos escuros no Universo.”
E ainda: “Esses objetos são a matéria escura, que é conhecida apenas porque exerce atração gravitacional, e a energia escura, que é muito mais desconhecida. O que se propõe com o Bingo é descobrir alguma estrutura interna, todas as partículas, dos 5% de matéria escura que são detectáveis, estruturas formadas por gases conhecidas como bárions.”
Projeto – Coordenado pela USP, o Bingo tem a participação, no Brasil, do Inpe e da Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba. No exterior, o projeto tem a colaboração da Shanghai Jiao Tong University e da Yangzhou University (China), da University College London e da University of Manchester (Reino Unido), além de pesquisadores da Alemanha, Espanha, França e Itália, entre outros países.