ENTRE O CALVÁRIO E A ESPADA Azevedo é pressionado a afastar advogados contratados por OSs e vinculados a Ricardo Coutinho
O governador João Azevedo está, por assim dizer, entre o calvário e a espada. O problema é que as investigações da Operação Calvário ingressaram no terreno pantanoso dos contratos firmados por organizações sociais com outras empresas e, especialmente, escritórios de advocacia. Dois desses contratos levam diretamente ao ex Ricardo Coutinho. João está sendo pressionado pelos fatos a afastar esses advogados.
O primeiro deles é Lobato, Souza e Fonseca Advogados Associados (CNPJ 13.392.841/0001-33) que tem como sócio Yuri Simpson Lobato. Yuri vem a ser presidente da PBPrev, nomeado pelo ex-governador Ricardo Coutinho e mantido por Azevedo a seu pedido.
Além do mais, talvez por mera coincidência, Yuri Lobato também é casado com uma sobrinha do ex-governador (Ana Carolina Vieira Coutinho). Afora esse detalhe, um outro sócio da banca, Thiago Paes, foi advogado eleitoral do PSB e assessor jurídico da PBGás.
Esta banca faturou, entre 2012 e 2017, segundo as investigações, mais de R$ 820 mil (dados do Sagres-TCE). Detalhe foi ter pactuado, tanto junto a Cruz Vermelha gaúcha, que terceirou o Hospital de Trauma, quando junto a ABBC (Associação Brasileira de Beneficência Comunitária), responsável pela administração das UPAs e Hospitais no Estado. (Mais em http://bit.ly/2F8Ov4S)
O segundo, é o escritório do advogado Francisco das Chagas Ferreira, que trabalha, há anos, para o ex Ricardo Coutinho, especialmente em processos movidos contra jornalistas. O detalhe é que, segundo a delação do também advogado Saulo Pereira Fernandes, preso pela Operação Calvário, em Niterói, nesse escritório foram pagas as primeiras propinas oriundas da Cruz Vermelha. Saulo foi sócio de Chagas.
Além do mais, o escritório também faturou junto a uma organização social, a ABBC, com o qual celebrou contratação em agosto de 2018, ou seja, poucos meses, antes de eclodir a Operação Calvário, mas quando a força tarefa já tinha acesso à interceptação telefônica dos envolvidos no escândalo.
Chagas nega, tanto ter participado do pagamento de propinas denunciado por Saulo, quanto ter ligações com a ABBC. E assegura ter rescindido o contrato com a organização social.