Espetáculo circense e os ilusionistas do poder, por Palmarí de Lucena
Em sua mais recente crônica, o escritor Palmarí de Lucena aborda as danosas consequências da prática surrada de de políticos, que se apresentam “como arautos de um poder legislativo totalmente à serviço do povo, sem nunca desistir das benesses ou da velha política do quiproquó durante votações de interesse do poder executivo”. Confira a íntegra de seu comentário “Os malefícios do quiproquó”:
Estamos presenciando um espetáculo circense protagonizado por uma turba de anti-heróis, bajuladores e ilusionistas do poder. Agindo cegamente, como outros ídolos o fizeram em circunstâncias idênticas, líderes políticos esquecem de ouvir a grande lição do filósofo Sêneca: “Vê aqueles que elogiam a eloquência, escoltam a riqueza, adulam os benfeitores, louvam o poder? Todos são inimigos, ou podem sê-lo”. Clamando ser partidários de uma nova política, se apresentam como arautos de um poder legislativo totalmente à serviço do povo, sem nunca desistir das benesses ou da velha política do quiproquó durante votações de interesse do poder executivo.
Parlamentares desgraçados pela corrupção correm em direção a planícies escuras e lugares tenebrosos, procurando um refúgio longe da cumplicidade nos deslizes éticos e do prestígio inerente à proximidade do poder corruptor de outrora. Munidos de uma caixa de ferramentas cheia de manobras escusas, crédito político financiado por emendas parlamentares e oportunismo para obter tração eleitoral em pleitos municipais. Enquanto no Congresso Nacional, usam influência política para direcionar políticas públicas, obter verbas para viabilizar interesses particulares e assegurar a expansão do empreendimento eleitoral do seu grupo político-partidário.
Agressões de políticos à meritocracia, cientistas e a membros concursados do serviço público, revelam a natureza transacional da classe política brasileira e o desrespeito às normas estabelecidas na Constituição, que eles juraram defender. O concurso público é um instituto com revisão constitucional, uma forma democrática de acesso aos cargos públicos a pessoas de todas as classes sociais, grupos étnicos, religiões, portadores de deficiências. Uma garantia a sustentabilidade das instituições do Estado, com lisura, eficiência e a imparcialidade dos seus integrantes concursados, o que seria impossível se conduzida por operadores políticos, beneficiários de nepotismo eleitoral ou partidários da desecularização da função publica.