Ex-secretário diz que PT virou “Casa de Mãe Joana” e PCdoB vive se oferecendo por cargos
Muito instigante o comentário do ex-secretário Ademir Alves de Melo, professor doutor do Centro em Ciências Jurídicas da UFPB, sobre as esquerdas na Paraíba. Ademir questiona a falta de autoridade no PT, “uma casa de Mãe Joana”, para impedir a nomeação de militantes ao Governo Ricardo Coutinho, e desanca literalmente com o PCdoB, que vive “farejando cargos”.
“Quem pode levar a sério os partidos de “esquerda” na Paraíba?”, indaga Ademir. “Quanto ao PCdoB, os seus dirigentes continuarão rondando o Palácio da Redenção (já que foram enxotados de vez da aproximação com a Prefeitura).” Aliás, quanto ao PCdoB, o ex-secretário é impiedoso, afirmando que o partido vive “oferecendo os seus prestamos no balcão de negócios”.
A conferir na íntegra, em:
“Toda estrutura organizacional carece de regras de funcionamento e de uma disciplina interna, para que funcione a contento. Assim, por exemplo, nada mais organizado e eficiente que uma empresa capitalista moderna. Mas esta atua num contexto diametralmente oposto, de anarquia do mercado, que é típico e inevitável do sistema em que se insere, onde é impossível centralizar decisões.
O partido político, seja qual for a sua tenda ideológica, também precisa reger-se por normas internas, e os seus militantes devem seguir uma disciplina afim com o perfil da organização, para que esta não desande no seu quefazer. Com maior razão se estivermos falando de um partido de esquerda, aquele que tem como missão estratégica a construção do socialismo.
Os dois partidos, na Paraíba, que se enquadram nessa classificação tipológica são o PT, em franco crescimento, e o PCdoB em celerada corrida minguante, por culpa de uma direção caduca.
A imprensa alardeia, agora, novo capítulo da novela petista, com a nomeação de um ilustre desconhecido militante para ocupar cargo no segundo escalão do governo estadual. A indicação é do presidente paralelo e todo poderoso deputado padre Luiz Couto. O presidente oficial do PT estadual já mandou mais um recado que, aliás, parece já está gravado e salvo no arquivo de seu laptop chamado DISSIDENTES, para futuras mensagens, que choverão nos tempos vindouros, para deleite dos destinatários. É perda de tempo, sabem eles, pois em um partido sem disciplina as coisas funcionam como na casa de Mãe Joana.
O convidado vai pousar de secretário estadual do desgoverno Ricardo Coutinho; vai subir no palanque de Eduardo Campos/Marina Silva; trabalhará ativamente para eleger os candidatos do PTdoC (PT do Couto), e neste particular a máquina administrativa vai ajudar; não vai atender às convocações da direção partidária, porque acredita como os seus que não deve satisfação a quem não tem força moral nem vontade de impor decisões normativas internas; continuará avançando nesse trabalho hercúleo de divisão calculada, para, no futuro, desaguar nos ninhos do “socialismo democrático” de Roberto Freire e espécies raras semelhantes que alguns dos teóricos do socialismo tanto admiram. Na hipótese provável de haver uma mudança política no governo, essa gente continuará chafurdando, porque sabe que não acontece nada na casa de Mãe Joana.
Quanto ao PCdoB, os seus dirigentes continuarão rondando o Palácio da Redenção (já que foram enxotados de vez da aproximação com a Prefeitura), farejando a possibilidade de ocupar algum cargo, nem que seja no quarto escalão. No governo seguinte, seguirão a mesma sistemática revolucionária, oferecendo os seus prestamos no balcão de negócios.
Alguém diria que estou sendo sarcástico e injusto. Pode dizer, mas não afirme, jamais, que falto com a verdade, porque isso dói.
Por isso, pergunto de sã consciência: dá para levar a sério a “esquerda” da Paraíba?”