FECHANDO O CERCO Delações de Livânia, Michelle, Kremser, Saulo e Daniel devem enquadrar os figurões da organização criminosa ainda soltos
A delação negociada do empresário Daniel Gomes da Silva, preso no Rio de Janeiro, desde a deflagração da Operação Calvário, em 14 de dezembro do ano passado, pode ter grandes consequências para o andamento das investigações sobre a organização criminosa na Paraíba. Inclusive a partir da última delação da ex-secretária Livânia Farias, que entregou o desenho da quadrilha, inclusive nome de figurões, ao Gaeco (Ministério Público da Paraíba).
Daniel é considerado o cabeça da organização criminosa que faturou em torno de R$ 1,8 bilhão, sendo que cerca de R$ 1,2 bilhões apenas na Paraíba, nos últimos oito anos, nos contratos de terceirização do Hospital de Trauma com a Cruz Vermelha gaúcha, e dos hospitais Metropolitano de Santa Rita e Regional de Mamanguape, com o Ipcep (Instituto de Psicologia Clínica, Profissional e Educacional).
Além da colaboração de Daniel, o Ministério Público do Rio de Janeiro, também trabalha com a delação do advogado Saulo Pereira, de Niterói, que teria sido um dos primeiros a negociar o recebimento de propinas, inclusive num escritório de advocacia no Bessa. Também Michele Louzada Cardozo, secretária de Daniel, e flagrada, em agosto do ano passado, com uma caixa de vinho contendo mais de R$ 900 mil, que repassou a ex-assessor Leandro Nunes Azevedo, que também já fez delação.
Por fim, o empresário Roberto Kremser Calmon, preso desde dezembro de 2018, num hotel de João Pessoa. Ele é considerado uma peça importante no mecanismo, pois vinha regularmente a João Pessoa para, em princípio, negociar liberações de pagamentos para a Cruz Vermelha e subsidiar Daniel Gomes sobre quanto poderia ser subtraído na forma de propina, que era paga a agentes públicos, conforme a denúncia. Ele foi preso em João Pessoa, mas levado, mês passado, para o Rio de Janeiro.
A força tarefa, de posse das últimas informações e documentos fornecidos por Livânia, deve cruzar os dados com as colaborações de Daniel, Michele, Saulo e Kremser, visando a consolidação do desenho do esquema criminoso, para chegar aos derradeiros suspeitos que ainda permanecem soltos.