Festival de barbaridades na Transposição: agora todos querem ser pai da criança
Com a iminente inauguração de parte da Transposição, surge um festival de barbaridades na praça, inclusive de pessoas que se apresentam como pai da criança. Como era de se esperar. Na verdade, essa obra jamais teria saído do papel não fosse a iniciativa do ex-presidente Lula, que, inicialmente, teve a coragem de enfrentar a ira de Estados como Alagoas, Sergipe e Bahia, que eram contra.
Andou devagar, quase parando, durante o Governo Dilma. Talvez porque Rousseff não tivesse a mesma visão do nordestino Lula, sobre o quanto a água é tão fundamental entre aqueles que enfrentam secas constantes. No Governo Temer, não há como desconhecer, a obra ganhou celeridade. Seja porque compreendeu sua importância, seja porque precisava conquistar a simpatia do eleitorado da região.
É louvável o voluntarismo de muitos entusiastas, inclusive dentre aqueles que talvez não acreditavam na obra como redenção do Nordeste. Todos são bem-vindos. A obra convence, converte e se impõe por sua grandeza e a solidariedade dos que têm muita água com aqueles que não têm quase. Que venham, portanto, as águas redentoras, não para canonizar pais temporãos, mas para acudir filhos deserdados da Pátria, desde Dom Pedro e sua promessa de vender as joias da coroa para prometer o que nunca cumpriu.
Tudo bem que iniciou num valor e hoje sabe-se lá quanto irá custar aos cofres públicos. Mas, isso não é gasto, é investimento. Investimento para salvar vidas, algo que obviamente não tem preço. Caberá aos órgãos de fiscalização levantar os eventuais abusos com o dinheiro público e entregar o caso à Justiça. Afinal, apesar de serem as águas do São Francisco, não é assim dando que se recebe.
É pra acabar de completar, da mesma forma que o dinheiro é público, a obra também é. Não tem pai. Essa obra não precisaria de ter pais, apenas da unidade de irmãos. O que tem mesmo é o benefício que pode trazer aos que mais precisam. O mais é politicagem e estreiteza de quem não resiste em tripudiar com a miséria dos que padecem com o secular sofrimento que a seca sempre traz.