Fórum Civil volta a ser interditado para o governador participar de uma audiência e revolta advogados
Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Em 9 de outubro de 2015, uma parte do Fórum Civil foi interditada, para que o governador Ricardo Coutinho pudesse participar de uma audiência, numa ação envolvendo a ex-primeira-dama, Pâmela Bório. Advogados que ficaram impedidos de acessar os cartórios em outras audiências ficaram revoltados.
Agora, a mesma ópera-bufa se repetiu, na tarde desta quinta-feira (dia 27). Uma parte do Fórum Civil foi interditada novamente, para que o governador tivesse todo “conforto e tranquilidade” de comparecer a uma audiência, também numa ação envolvendo Pâmela. O caso novamente revoltou os advogados, que ficaram impedidos de circular no local para cumprir suas atividades.
Revoltada, a advogada Eliana Christina Caldas Alves postou em sua página no Facebook: “Parou tudo no fórum com a Audiência do Governador (Ricardo Coutinho), elevador exclusivo, segurança tirando inclusive os advogados que estão aguardando audiência.. minha nossa…..isso clama o absurdo!” Ou seja, a mesma cena se repete, digna de Odorico Paraguaçu, em uma Sucupira instalada na Paraíba.
Uma advogada, Ana Paula Tavares Oliveira, também postou no Facebook, indignada: “Voltei para casa mais cedo por não ter a audiência dos meus clientes, porque o Rei do estado estava em audiência.”
Imperialismo – Tal prerrogativa é de causar inveja até mesmo à Rainha da Inglaterra. Porém, por mais nobre que ela seja, e ela é para os britânicos, isso não tem sido suficiente para interditar o trabalho da Justiça a fim de atender aos seus interesses particulares. Por mais que seus súditos reverenciem sua majestade. Na Inglaterra, como de resto nas maiores democracias do mundo, todos são iguais perante a lei. Mas, pelo visto, não na Paraíba.
Compreende-se que nosso ínclito, preclaro e insigne governador, especialmente de uns seis anos para cá, venha se comportando como uma majestade real. Até é possível compreender como ele se sente, especialmente após o poder subir a sua cabeça. Mas, chegar a esse ponto de querer transformar a casa da Justiça numa extensão palaciana, semelha ao comportamento imperial de certos ditadores tribais.
Talvez por isso o circense episódio tenha causado tanta indignação entre funcionários do Fórum, advogados ou mesmo pessoas que estavam lá para resolver seus negócios judiciais, em busca de tratamento justo e igualitário, afinal trata-se de uma casa da Justiça. Uma indignação que ultrapassou as vistosas portas do Fórum Cível e caiu nas redes sociais, que estão, por assim dizer, mais ao alcance de todos.
Episódio anterior – Eis o que postou o advogado Raphael Carneiro Arnaud Neto em outubro de 2015, em circunstâncias similares: “Alguém da base do governo estadual ou da direção do Fórum Cível disposto a explicar a meu cliente que o filho do senhor governador é mais importante que o dele? O segundo andar do Fórum Cível da capital, onde funcionam as varas das Famílias, foi INTEIRAMENTE interditado no dia de hoje, com acesso vedado inclusive aos advogados, para uso exclusivo do senhor governador e da ex primeira dama. E ai? Alguém se candidata?#respeitemminhasprerrogativas”