FÚRIA OU ESPERTEZA? Governador move AIJE contra o Correio, conselheiro do TCE, Cássio e (claro) jornalistas
Houve quem especulasse, meu caro Paiakan, que o governador Ricardo Coutinho, campeão de processos contra jornalistas, teve mais um surto de fúria, nessa terça (dia 25). Mas, houve também que tenha visto na AIJE que ele moveu contra o Correio da Paraíba, o senador Cássio Cunha Lima, o conselheiro Fernando Catão, além dos jornalistas Hélder Moura e Thiago Morais, apenas um lance de esperteza. Ou podem ser as duas coisas.
Por que a fúria? Porque, vendo se aproximar os estertores finais de seu mandato, o governador, enquanto se enfraquece a cada dia, também vivencia agônico, furibundo e pesaroso todas as dificuldades eleitorais que enfrentam, ele e sua facção política. A irritação, no seu caso, é até bem natural, como toda a Paraíba conhece bem. É de sua natureza atacar, processar e tentar desqualificar quem tem a coragem de dizer certas verdades.
Vai deixar o governo em 31 de dezembro como o governador que mais processou e atacou jornalistas. Disparado. Um recorde. Porque, uma vez movido a fúria, não suporta o contraditório, não tem vocação para a convivência democrática e republicana. A fúria faz parte de sua índole, basta colher testemunhos de todos aqueles que, em algum tempo, foram aliados e depois furiosamente perseguidos.
Por que a esperteza? Porque há no horizonte dos próximos dias a iminência do julgamento da AIJE do Empreender que, não somente ele, mas até os pombinhos da Praça dos Três Poderes, sabem o quanto se praticou nas eleições de 2014. Ele e todos os demais sabem como é nitroglicerina pura. São denúncias da pesada, dezenas de testemunhos, provas robustas. O julgamento é tudo que ele não quer.
Então, a tese da esperteza cai bem. A poucos dias do início do julgamento, mover uma AIJE contra um conselheiro do TCE, a Imprensa e até um senador desafeto, tendo como combustível o Empreender PB, justamente o mote da ação que pede sua cassação, pode até não ser, mas parece uma tentativa de confundir o Judiciário e a opinião pública. O problema é que não tem mais como apagar tudo que ocorreu em 2014.
E pode ter sido também uma tentativa de intimidação à Imprensa. Mas, a Paraíba sabe o que vocês fizeram naquelas eleições. Pelo menos o Ministério Público Federal sabe muito bem.
AÇÃO – Na AIJE, em que, inclusive, cita o senador Zé Maranhão por ter, segundo ele, se aproveitado de um fato, supostamente falso, o governador acusa o conselheiro Fernando Catão de ter maquiado dados em relação ao programa Empreender PB, especialmente no comparativo dos empréstimos entre 2017 e 2018. Também acusa o senador Cássio de ter, na condição de sobrinho de Catão, se favorecido da divulgação desses dados.
Também processou representantes do Correio da Paraíba (Eribaldo José Soares e José Fernandes), além dos jornalistas Hélder Moura e Thiago Morais, por terem veiculado documento do Tribunal de Contas do Estado, que trouxe as informações sobre o aumento de gastos com o Empreender no ano eleitoral de 2018. De forma pejorativa, tacha todos de integrarem uma “confraria do mau jornalismo”.
Mau governismo – Suas declarações na AIJE terminam, claro, dando margem a que, diante de tantos escândalos em se envolveu (Cuiá, Jampa, Propinoduto, Ação Penal 866, dentre tantos outros) também se especule a existência de um certo coletivo do mau governismo por ai, não é, meu caro Paiakan?