Gilvan Freire comenta sobre a ratonagem e a ratocracia com o dinheiro público no Brasil
O analista político Gilvan Freire comenta, em seu novo artigo, sobre a roubalheira que tem dominado o noticiário político brasileiro nos últimos tempos, cunhando os termos mais adequados para a ladroagem com o dinheiro público que tem sido a regra: “Da ratonagem à ratocracia : as trilhas e sabores do queijo público”.
Confira o comentário na íntegra…
“É muito possível que não existam em nosso idioma esses vocábulos esquisitos. Mas, certamente, é inteiramente apropriado o seu uso neste momento da vida brasileira, quando o povo inventa codinomes de bichos e insetos para batizar os políticos, os roedores dos recursos públicos. Os léxicos da Língua Portuguesa poderiam incorporar novas palavras, especialmente essas extraídas do gosto popular e cujo sentido expressam um pensamento claro, inconfundível, de fácil entendimento. Ladroagem, gatunagem e ratonagem, não parecem querer dizer a mesma coisa ? Nao lembram as mesmas pessoas, as mesmas autoridades, os mesmos costumes e os mesmos ambientes ?
Apenas uma discórdia linguística, sem querer atropelar as regras de formação das palavras e da linguagem : gatunagem nada tem a ver com gatos, bichos dóceis, amestrados para conviver com gente. Já ratonagem deriva diretamente de rato, que o Dicionário Houaiss diz que, em sentido figurado, também significa “ pessoa que pratica furtos em locais públicos; ladrão “. Entenderam agora do que estamos falando ? Têm alguma dúvida de para onde estamos apontando?
Pois bem. Sabendo-se de um dos mais ilustrativos significados de rato, o mais condizente com a realidade humana e social do Brasil contemporâneo, e o significado mais aplicado às relações políticas da democracia atual brasileira, em que o povo em vez de ratoeiras para combater os ratos oferece-lhes queijo para engordá-los, há de se dizer : isso não é uma democracia, o governo do povo, pelo povo e para o povo. Isso é uma ratocracia : o governo dos ratos, pelos ratos e para os ratos. Ao povo cabe apenas fornecer o queijo, uma guloseima que acompanha o voto popular, este sim uma ratoeira desarmada e inofensiva.
Estamos vivendo em pleno regime da ratocracia, o apogeu, embora com sinais de declínio, onde a elite dominante de bichos dá-se ao luxo de alternar-se no poder com os mesmos ratos. Os ratos despejados atacam os ratos que assumem; os que sobem tripudiam sobre os que caem; mas todos são da mesma espécie. E o queijo continua em poder dos roedores.”