Girassóis: uma cachoeira de mágoas
Não foi apenas por que militantes ricardistas puxaram as vaias contra o prefeito Luciano Agra, na festa de Mangabeira. A manifestação foi tão somente a ponta do iceberg. A verdade é que os girassóis estão um pote até aqui de mágoas.
O governador Ricardo Coutinho anda magoado com Agra, porque esperava mais docilidade dele, após escolher Estelizabel Bezerra como candidata do PSB. Não se conforma do movimento Volta Agra, e considera o prefeito ingrato.
Ingrato, por não reconhecer que só tem um mandato graças a ele. Ricardo tem lembrado, sempre que discute o assunto, que Luciano só é prefeito porque ele o escolheu para vice, em 2008, criando, inclusive, arestas com o PMDB.
Já o prefeito Luciano Agra está magoado por que esperava ter o apoio do governador para ser candidato à reeleição. Lembra, sempre que trata do assunto, que continua sendo o melhor candidato do PSB e não entende porque foi preterido.
E há as questões consequentes. Ricardo se magoou por que Agra não assumiu abertamente a candidatura de Estelizabel, depois de chorar e prometer apoio incondicional. Mais que isto, não esperava que ele viesse a apoiar Nonato Bandeira.
E também não se conforma com as mudanças que Agra vem promovendo em sua equipe, transformando o perfil que, antes era eminentemente ricardista. A remoção de Coriolano Coutinho e Laura Farias foram uma gota d’água.
Agra se aborreceu (mas não acusa publicamente o golpe) com as demissões que o governador promoveu em sua equipe, para afastar os seguidores de Nonato Bandeira. O que, em última instância, também foi uma afronta ao prefeito.
Ou seja, é um pote até aqui de mágoas. Mas, nenhum dos dois quer assumir, abertamente, a iniciativa de assumir o rompimento, embora seja o mais conveniente. Ricardo entende que se livra de um aliado inconveniente e falastrão.
Agra entende que se afasta de um governador extremamente desgastado perante a opinião pública, pode assumir o apoio a Nonato, para provar que ele terá mais voto que a candidata de RC, e ainda sair bem do seu mandato de olho em 2014.
Resumo da ópera: os dois tem razão, a guerra é tácita, mas está declarada, embora entendem que vencerá aquele que sair como vítima no rompimento. Ricardo, se vencer, tachará Agra de traidor. Luciano, se ganhar a parada, dirá que foi injustiçado, apesar de toda lealdade.