Governador não consegue desencarnar do poder e tenta desqualificar a vice
As derradeiras declarações do governador Ricardo Coutinho, insistindo que a vice, Lígia Feliciano, teria se articulado para formar um “Governo paralelo”, caso ele se desincompatibilizasse para disputar o Senado, longe de mostrar zelo pela sua gestão, mostra como ele não consegue desencarnar do poder. Afinal, qual o problema de quem assume o Governo nomear alguns auxiliares?
Ora, vejam o aconteceu em São Paulo. Geraldo Alkmin deixou o Governo para se candidatar, e seu vice, Márcio França, assumiu, e cuidou de nomear auxiliares mais afinados com seu projeto, sem que isso tenha representado necessariamente um tipo de traição, como o governador quis atribuir à sua vice. É um caso mesmo de patologia, de quem não consegue desencarnar.
O que o governador realmente queria era o total agachamento de sua vice, que assumiria o Governo apenas para constar, sem qualquer autonomia, para ser simplesmente teleguiada por controle remoto. Como não conseguiu, então acionou a máquina, através de vários auxiliares, pagos pelo contribuinte, para tentar desqualificar uma mulher, que, em 2014, quando ninguém, queria, aceitou ser sua vice.
Aliás, desqualificar mulheres parece uma especialidade dos tempos republicanos.