Governo sofre nova derrota: o duro recado de Ricardo, o Marcelo, para Ricardo, o Coutinho
A essa altura do campeonato, nosso ínclito, preclaro e insigne governador já deveria ter compreendido que o seu tempo de impor sacrifícios a parcelas do funcionalismo, sob o pretexto de adequação da máquina, já passou. Está com a validade vencida.
Esse tipo de ação às vezes funciona, mas apenas em início de Governo, e em circunstâncias muitos especiais, quando o cidadão identifica a necessidade de medidas mais duras, para sanear a máquina administrativa, eventualmente descalibrada.
E isto na perspectiva de melhorias palpáveis na estrutura do Governo. Depois de um ano e meio de mandato, não mais se justifica esse tipo de ofensiva, porque o cidadão suspeita que não se trata mais de ajuste, e sim de maldade pura e simples contra os servidores.
É essa percepção que os deputados estaduais têm hoje. O Governo teve todo o tempo para fazer os ajustes que julgou necessários, e fez vários, mesmo sob o pretexto falacioso de que o Estado estava quebrado. Agora, se os ajustes não funcionaram é outra história.
O gesto mais emblemático dessa percepção foi dado pelo deputado Ricardo Marcelo. Ao descer da Mesa, na sessão desta terça (dia 20) e abdicar da condição de presidente para votar em favor dos professores, Ricardo, o Marcelo, mandou recado a Ricardo, o Coutinho.
O recado de que não adianta articular sua bancada ou usar a força da máquina para obrigar os deputados a votar certas matérias contra o cidadão, a exemplo dessa MP 196, que afrontava o plano de cargo dos docentes, ameaçando uma conquista história desde 2003.
Aliás, há poucos dias, o presidente Ricardo desabafava na Assembleia, dizendo que o Governo RC tem feito concessões variadas aos demais poderes, menos ao Legislativo. O que mostra o imenso abismo que existe, hoje, entre o governador e o parlamento de onde ele veio.
Além do mais, mesmo para os deputados aliados começa a pesar a lei da sobrevivência. Eles sabem que, em dois anos, serão confrontados nas urnas, e as pessoas eventualmente prejudicadas com a aprovação dessas matérias vão querer ir à forra e cobrar a fatura eleitoral.
Fica a lição de que um Governo eleito pelo povo não pode governar contra o povo. É o que vem tentando fazer o governador Ricardo Coutinho e, por isto mesmo, sofrendo seguidas derrotas na Assembleia. Se insistir, haverá mais. O recado de Legislativo foi inequívoco.