Guia eleitoral não tem alterado substancialmente o cenário da disputa em João Pessoa a um mês da eleição
Numa campanha de tiro curto, como tem sido o pleito de 2016, após a mudança (mais uma) da legislação eleitoral, havia expectativas de que o guia eleitoral seria o elemento decisivo para a sorte das urnas. Afinal, essa tem sido uma eleição atípica em que a pré-campanha foi bem mais longa do que em pleitos passados. E a definição do cenário de disputa ocorreu nessa pré-campanha.
Mas, após praticamente uma semana de início do programa, não se percebe a ocorrência de mudanças expressivas no quadro da disputa. Ou seja, não se identifica claramente um fato novo de grande proporção, capaz de criar um cisma e mudar o rumo da campanha. Até o crescimento da candidata Cida Ramos, de aproximadamente 12% a 23%, conforme as últimas pesquisas, estava previsto.
Este percentual de Cida é, obviamente, o cacife eleitoral do governador Ricardo Coutinho, o padrinho da candidatura. Sua última candidata, Estela Bezerra, chegou a esse percentual, há quatro anos. E houve o detalhe do crescimento, inesperado é bom que se diga, da candidatura de Luciano Cartaxo, passando de cerca de 44% para 52%, ainda se acordo com as últimas pesquisas.
A campanha tem sido marcada pelo ataque de Cida a Cartaxo, como a denúncia de prática de nepotismo, já rebatida. O detalhe tem sido o fato de que a candidata do PSB aparentemente desistiu de bater nas obras da Lagoa, que era, por assim dizer, uma das bandeiras dos seguidores do governador, na pré-campanha, na tentativa de desgastar a imagem do prefeito. Isso, pelo visto, não surtiu efeito.
Cartaxo, por seu turno, não pareceu muito incomodado com o ataque de Cida. Seu comportamento, até esse momento da campanha, tem sido de muita serenidade. Ou demonstração de serenidade. O destaque tem sido o desempenho do candidato Charlinton Machado. Além de apresentar uma comunicação fácil, mostra coragem em defender a bandeira do PT num momento particularmente difícil para o partido.
O candidato do PSol, Victor Hugo, que se apresentou como franco atirador, poderia ter um papel mais preponderante, diante das bandeiras que, historicamente empunhou, na condição de sindicalista.
Esse parece o cenário a preço de hoje, a um mês do veredicto das urnas. Se até lá, um fato de proporções bíblicas não ocorrer, a eleição pode terminar sendo decidida de acordo com os números até agora sinalizados pelas pesquisas.