Impeachment encerra ciclo do PT mas dá a Dilma possibilidade de voltar em 2018
Pode-se especular que o impeachment de Dilma Rousseff encerra o ciclo do PT no Brasil. Bem possível. O partido, muito mais que Dilma, sai extremamente avariado. E não apenas por conta do impeachment. Pelo conjunto da obra. Dilma ainda obteve uma vitória final, quando se salvou, pelo menos provisoriamente, da inabilitação de cargos públicos por oito anos.
Dilma, obviamente, foi cassada (e não desabilitada) não por conta das pedaladas, um delito menor. Muito mais pelo conjunto da obra. Ao longo dos últimos tempos, uma sequência estonteante de escândalos agregou considerável desgaste à sua imagem, potencializados pelo desastre da política econômica. O País vive um de seus piores momentos, com uma recessão perversa, desemprego e inflação.
Mas, se Dilma conseguiu um refrigério no momento derradeiro do processo de impeachment, o PT segue sangrando. Importante observar que o ex-presidente Lula permanece na mira da Justiça e é difícil avaliar até onde esse processo vai dar. Na condição de principal ícone petista, tudo que vier a ocorrer com ele certamente determinar a sorte do partido nessa peleja.
De curto prazo e mirando o atual processo eleitoral, parece inequívoco que o PT deverá sofrer o pior revés desde a sua fundação. É avassalador o processo de lipoaspiração que paira sobre a legenda, seja pelas previsíveis derrotas nos colégios onde detém cargos, seja pela migração de militantes, digamos, mais envergonhados, para outras legendas. Natural em meio à cultura política reinante no País.
E, pra encerrar, quem ironicamente sai fortalecida é a própria Dilma, que teve um desempenho guerreiro durante o julgamento, mostrou bravura, mais até do que muitos petistas, que mais demonstraram desequilíbrio do que militância efetiva. Se for confirmada a decisão do Senado, de não perder seus direitos políticos por oito anos, e se sobreviver à Lava Jato, ela poderá voltar com tudo em 2018. Que está em cima.