O presidente Lula até disse, como forma de debelar a repercussão negativa, ter sido uma “frase mal colocada”, mas o fato, meu caro Paiakan, é que o estrago já tinha sido feito, e terminou contaminando a sua participação em encontro na Malásia, inclusive com o presidente Trump.
O que disse Lula: “Toda vez que a gente fala de combater as drogas, possivelmente fosse mais fácil combater os nossos viciados, internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também. Ou seja, tem uma troca de gente que vende, porque tem gente que compra.”
E ainda: “Mais importante do que as palavras são as ações que o meu governo vem realizando, como é o caso da maior operação da história contra o crime organizado, o encaminhamento ao Congresso da PEC da Segurança Pública e os recordes na apreensão de drogas no país.”
As declarações de Lula também eram uma crítica à postura dos EUA de enviar uma força militar para o Caribe, o que estaria representando uma ameaça à Venezuela. Disse Lula: “Você não pode simplesmente dizer que vai invadir, que vai combater o narcotráfico na terra dos outros, sem levar em conta a constituição dos outros países, a autodeterminação dos povos, a soberania territorial.”
Suas palavras, dita dessa forma, rapidamente repercutiu nas redes sociais de políticos e influenciadores de todo o mundo. E terminou por endossar fala de seus adversários, que tentam associar o petista ao narcotráfico. Dá também tração à política americana de enquadrar organizações criminosas e traficantes como terroristas.
O fato é que Lula, mais uma vez, por conta de sua incontinência verbal, algo muito similar ao ex-presidente Bolsonaro, meu caro Paiakan, termina comprometendo o trabalho da diplomacia brasileira, e dá combustível para os adversários, que certamente irão usar suas falas na eleição do próximo ano. Mais uma vez, o presidente passa do ponto.
