INDO E VOLTANDO Governo recua em usar a Receita para fiscalizar o Pix e dá munição para oposição
Ficou a impressão que o Governo ficou batendo cabeça. Primeiro, o Governo Federal anunciou que a Receita Federal iria, a partir de janeiro já, monitorar as movimentações bancárias, especialmente do Pix, acima de R$ 5 mil. Nada poderia ser mais impopular, diante da estima que os brasileiros tem pelo Pix como moeda corrente no País.
A reação veio a jato. E não apenas pela fala do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), cuja postagem ultrapassou as 200 milhões de visualizações. Em redes sociais, muitos pequenos empresários sinalizaram que, a permanecer tal medida, iriam deixar de operar via Pix, e aceitar transações apenas em dinheiro vivo. Um desastre.
Diante de um cenário de elevadíssimo desgaste, o Governo Lula recuou. E restou a impressão que errou duas vezes: quando anunciou a fiscalização do Pix pela Receita, e, quando voltou atrás. Ou seja, teve um desgaste dobrado, num momento em que a popularidade do presidente Lula não passa exatamente por um bom momento.
Foi como um xeque-mate. Manter a decisão seria um desastre total. Recuar, seria passar a impressão fraqueza e tibieza de convicções administrativas. Mas, foi o estrago menor. Só que deixou no ar as suspeitas que a fiscalização do Pix poderia ser um primeiro passo para, mais adiante, taxar as transações acima de R$ 5 mil.
O pior foi o recuo ter ocorrido após a postagem de um deputado da oposição. Ou seja, assumiu que o parlamentar, tão criticado pelo PT, estava com a razão. Deixa um saldo negativo, talvez com maior perda de credibilidade, algo preocupante diante de um quadro clínico de juros e dolar em alta, além da volta, ainda que sutil, da inflação.
E dá muita munição para a oposição.