LIBERDADE DE IMPRENSA Onde estavam as vozes que hoje defendem Glenn quando Ricardo Coutinho perseguia jornalistas paraibanos?
Recebi com grande júbilo, meu caro Paiakan, a manifestação de algumas vozes na Imprensa, em defesa da liberdade de expressão, no caso do jornalista Glenn Greenwald, que foi denunciado pelo Ministério Público Federal por conta da utilização de material hackeado dos celulares de várias autoridades do País. O episódio ficou conhecido como Vaza Jato, já que envolvia integrantes da Operação Lava Jato. Fiquei comovido.
Mas, poderia ter ficado ainda mais feliz, meu caro Paiakan, se essas mesmas vozes tivessem se manifestado nos últimos anos, quando da perseguição fascista imposta pelo ex Ricardo Coutinho contra vários jornalistas e mulheres, entre as quais Pâmela Bório e Laura Berquó.
Houve de tudo nesse período particularmente perverso da História recente da Paraíba: intimidação de jornalistas, talvez cooptações, coação de empresas para demitir profissionais, constrangimentos em coletivas e um festival de ações movidas contra profissionais de Imprensa. Aos montes.
Havia, inclusive, um mecanismo em que um dos advogados, Francisco das Chagas Ferreira, era remunerado pelo governo do Estado e também mantinha contratos com organizações criminosas e prefeitos aliados do ex-governador, para processar jornalistas. Ele se tornou especialista em processar jornalistas. Informação que, aliás, consta dos documentos do Gaeco e do despacho do desembargador Ricardo Vital, no âmbito da Operação Calvário 7.
E o mais grave: todos os processos movidos pelo ex-governador e Chagas eram motivados por denúncias que, agora, estão todas comprovadas pelas investigações. Ou seja, o mecanismo funcionava para tentar calar os profissionais de Imprensa que ousavam dizer a verdade sobre o que Ricardo Coutinho, na condição de chefe da organização criminosa (segundo seu comparsa Daniel Gomes), patrocinava de saque aos cofres públicos.
Mesmo assim, meu caro Paiakan, não me recordo dessas vozes terem se manifestado em defesa da liberdade de Imprensa dos profissionais que eram massacrados pelo ex-governador com sua prática fascista. Que pena estivessem tão afônicos quando tantos profissionais eram supliciados pelo chefão da organização criminosa desbaratada pela Operação Calvário. Hoje, são vozes tão estridentes…