MANOEL JÚNIOR Paraíba perde um de seus personagens mais vocacionados para a política
Tive pouquíssimos amigos na política. Um deles, foi Manoel Júnior. Relações com políticos, salvo raras exceções, são marcadas por interesses e conveniências, dai minha resistência. Com Manoel Júnior, contudo, estabeleci, ao longo de anos, uma amizade mutuamente respeitosa.
Conheci desde quando iniciou sua carreira política como prefeito de Pedras de Fogo e já me parecia um bom gestor, articulador hábil, leal e comprometido, de fato, com as causas da população. O tempo provou isso, nos vários mandatos que ele exerceu seguidamente.
Presenciei, quando então trabalhava no Sistema Correio, a sua tenaz resistência, em desistir da candidatura a prefeito para apoiar Ricardo Coutinho, na eleição de 2004, a pedido do senador Zé Maranhão. Na ocasião, submeteu-se à orientação de Zé, mas alertava que todos iriam se decepcionar com Ricardo Coutinho. Estava certo.
Lembro de outras decepções. Em 2016, por exemplo, deixou a deputação federal para aceitar compor, como vice, a chapa de Luciano Cartaxo. O acordo tácito era que, em 2018, Cartaxo disputaria o governo do Estado, e ele assumiria a prefeitura de João Pessoa. No fim, Cartaxo permaneceu prefeito e Manoel Júnior ficou sem mandato.
Foi árduo o seu retorno à política. Em 2020, disputou novamente a prefeitura de Pedras de Fogo, a sua cidadela política, numa campanha difícil. Como prefeito vinha realizando uma gestão notável. Com esse portfólio, certamente estaria no páreo para as eleições de 2026, talvez com a volta à Câmara Federal, onde construiu uma imagem de grande parlamentar.
Quis o destino, porém, que sua trajetória fosse interrompida. Com isso, a Paraíba fica menor ao perder um de seus personagens mais vocacionados para a política. E eu perdi um amigo.