Mas, afinal, estamos na Paraíba ou no Afeganistão?
Primeiro a casa do jornalista Vinicius Henriques foi, acintosamente, metralhada. Depois, o próprio secretário Cláudio Lima (Segurança) revelou que Anacleto Reinaldo estava numa lista para ser executado. Mas, afinal, estamos no Afeganistão?
De um lado, a ação cinematográfica de bandidos, que agem de forma escancarada, e não apenas para mandar um recado ao jornalista, mas especialmente às autoridades. Como quem anuncia que a Paraíba se tornou terra de ninguém e delimita território.
De outro, os torpes mecanismos de intimidação ao trabalho da Imprensa. Esse talvez o elemento mais aterrador nessa história. Sem a Imprensa, os fatos não são tornados públicos e quantos não se alimentam da ignorância da população para agir?
Sem Imprensa, é fácil esconder erros, fazer demagogia, ludibriar a população. Não devemos nos enganar. Se há a ação do crime organizado, há também a omissão do poder público. Quando o Estado se mostra ineficaz, os bandidos assumem o comando.
É lastimável que a Paraíba tenha chegado a esse estágio de desmoralização da máquina pública, quando o cidadão não acredita mais em sua proteção, porque os fatos conspiram contra as palavras e as promessas. Acreditar na Segurança é um salto no escuro.
Louvável que API e Sindicato dos Jornalistas tenham agido rápido para cobrar providências. Espera-se que, desta vez, o poder público se mova com a velocidade necessária para devolver o mínimo de tranquilidade ao cidadão e aos profissionais de Imprensa.