Mas, afinal, o que o governador tem contra a UEPB?
Impressiona como, nos últimos quatro anos, a Universidade Estadual da Paraíba vem enfrentando uma crise após outra, numa eterna querela com o núcleo do Governo Ricardo Coutinho. É talvez um dos mais conturbados momentos da UEPB, desde as escaramuças que marcaram o confronto durante o Governo Zé Maranhão, quando os funcionários fizeram greve de fome.
E o problema sob gestão girassol tem uma matriz apenas: a supressão da autonomia da instituição e a redução drástica no repasse dos recursos. Tem sido assim, desde o princípio. O Governo usa a propaganda oficial para afirmar que faz os repasses dentro dos parâmetros legais. Mas, pelas contas da UEPB, a instituição já deixou de receber em quatro anos mais de R$ 250 milhões.
Ora, não há universidade que se mantenha com um corte de recursos dessa magnitude. E é lícito imaginar que o Governo vem realmente cortando recursos, porque essa é uma prática recorrente nesses tempos republicanos. Basta avaliar o que acontece com a LOA 2015 (e que aconteceu em anos anteriores), quando o Governo cortou, de forma ilegal, repasses para os demais poderes.
No início do Governo, o confronto foi a ex-reitora Marlene Alves, que denunciou o fim da autonomia, algo que deixou o governador Ricardo Coutinho extremamente irritado, por ter ficado evidente seu descaso com a instituição ou, em última instância, com a educação no Estado. Depois, seu habitual humor se transferiu para o atual reitor Rangel Júnior.
Será por que Marlene (naquele tempo) e Rangel (atualmente) não são os aliados subservientes que o governador espera? Afinal, como se sabe, o governador até tentou eleger o sucessor de Marlene e a derrota para Rangel certamente pesou muito. Pesou tanto que o governador protelou enquanto pode a sua nomeação, apesar da larga margem obtida na consulta universitária.
Então, num dia, o governador emite nota, achacando a reitoria da UEPB, com a denúncia de má gestão, noutro, é o secretário Tárcio Pessoa (Planejamento e Finanças), afirmando que a expansão da universidade para João Pessoa foi um ato irresponsável. A regra é clara: o Governo tenta desmoralizar a instituição aos olhos dos paraibanos, sabe-se lá por que motivos.
Agora, em vez de manter um eterno confronto com a instituição, por que não dialogar? Ou será que tão difícil para um governador reeleito sentar para ouvir os contrários (se este for o caso) e tentar encontrar uma solução democrática para a crise que seu Governo criou na UEPB?