Mas, afinal, por que a Justiça demorou tanto tempo para afastar Cunha, o malvado favorito?
Há uma indagação que se tornou inevitável após a notícia de que o ministro Teori Zacvaschi decidiu afastar o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal: por que demorou tanto para a Justiça tomar, enfim, uma atitude contra esse parlamentar? O malvado favorito para alguns reinou absoluto nos dois últimos anos na Câmara e desafiou como quis a Justiça.
E mais: foi o principal mentor do processo de impeachment contra a presidente Dilma, ao conduzir todo o processo conforme seu agrado, apesar dele próprio estar envolvido em vários escândalos, que faz da denúncia de suas contas na Suíça uma traquinagem de pequenas causas. Mesmo assim, passaram-se quase dois anos, para finalmente alguma providência ser tomada.
O ministro Teori determinou o afastamento de Cunha, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que alegou vários crimes cometidos por Cunha. O detalhe mais irônico é que o substituto de Cunha, o vice-presidente Waldir Maranhão (PP-MA), que é amigo e aliado de Cunha, e está envolvido em vários escândalos, inclusive no âmbito da Operação Lava Jato.
Pontos elencados por Janot para pedir afastamento de Cunha:
“1- Eduardo Cunha fez uso de requerimentos para pressionar pagamento de propina do empresário Júlio Camargo e o grupo Mitsui. Já havia casos de requerimento para pressionar dirigentes de empresas de petróleo
2 – Eduardo Cunha estava por trás de requerimentos e convocações feitas a fim de pressionar donos do grupo Schahin com apoio do doleiro Lúcio Funaro. Depoimentos de Salim Schahin confirmam isso. Lúcio Funaro pagou parte de carros em nome da empresa C3 Produções Artísticas, que pertence à família de Cunha
3 – Eduardo Cunha atuou para convocar a advogada Beatriz Catta Preta na CPI da Petrobras para “intimidar quem ousou contrariar seus interesses”
4 – Eduardo Cunha atuou para contratação da empresa de espionagem Kroll pela CPI da Petrobras, “empresa de investigação financeira com atuação controvertida no Brasil”
5 – Eduardo Cunha usou a CPI para convocação de parentes de Alberto Youssef, como forma de pressão
6 – Eduardo Cunha abusou do poder com a finalidade de mudar a lei impedir que um delator corrija o depoimento
7 – Eduardo Cunha mostrou que retalia quem o contraria com a demissão do diretor de informática da Câmara, Luiz Eira
8 – Eduardo Cunha usou cargo de deputado para receber vantagens indevidas para aprovar parte de medida provisória de interesse do banco BTG
9 – Eduardo Cunha fez “manobras espúrias” para evitar investigação na Câmara com obstrução da pauta com intuito de se beneficiar
10 – Eduardo Cunha fez ameaças ao deputado Fausto Pinato (PRB-SP), ex-relator do processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara
11 – Eduardo Cunha teria voltado a reiterar ameaças a Fausto Pinato.”