MISTÉRIO Ministro do Supremo julga Caso Jampa Digital mas decisão permanece em segredo

Caso Jampa Digital decisão de Alexandre Moraes 14mai2018

Mais um mistério no escândalo do Jampa Digital. No último dia 10, o ministro Alexandre de Morares, relator do processo no Supremo Tribunal Federal julgou o caso, conforme registro no portal da Corte. Mas, o detalhe é que os termos de sua decisão seguem envoltas no mais inexplicável sigilo. Afinal, os paraibanos têm ou não direito de saber o que houve com o Jampa Digital? O Inquérito 3736 tramita no STF desde 2013.

Enquanto o processo segue em mistério, o Tribunal de Contas do Estado manteve, pelo menos até esta segunda-feira, para a próxima quarta (dia 16), o julgamento das contas do Programa Jampa Digital, que tramitam há seis anos na Corte. A suspeita é da ocorrência de superfaturamento e desvio de recursos públicos, conforme parecer do Ministério Público e da Controladoria-geral do Município.

Jampa Digital – O programa, como se sabe, foi anunciado para implantar Internet banda larga e gratuita em toda a orla de João Pessoa. Sua inauguração, pelo então prefeito Ricardo Coutinho, teve até show da cantora Pitty.

Logo depois, Ricardo Coutinho deixou a Prefeitura para disputar o Governo do Estado e o Jampa Digital foi usado como um dos motes de sua campanha, tipo “foi Ricardo quem fez, e fará em todo Estado”. Mas, o fato é que o programa nunca foi implantado. Só funcionou no dia da inauguração.

Fantástico – O escândalo ganhou repercussão nacional em longa reportagem do programa Fantástico (Rede Globo), em 25 de março de 2012 (confira o vídeo da reportagem), e houve o indiciamento de mais de 20 pessoas. Desde então, o Ministério Público Federal encaminhou o processo para o Supremo Tribunal Federal, onde a tramitação passou a ocorrer em sigilo de justiça.

O caso passou a tramitar, paralelamente, no Tribunal de Contas do Estado um processo (nº 02617/12) para apurar eventuais irregularidades na licitação da compra dos equipamentos, e os prejuízos causados ao erário municipal. É o julgamento dessas contas que o TCE deve realizar nesta quinta.

O programa, como se sabe, foi implantado (apesar de nunca funcionar) pela Prefeitura de João Pessoa, em abril de 2010, na gestão Ricardo Coutinho, com recursos federais do Ministério do Turismo e uma contrapartida do Município.

Cobrança – O Ministério da Ciência e Tecnologia investiu no programa R$ 4.756.000,00, enquanto a Prefeitura entrou com uma contrapartida de R$ 1,5 milhão. Grande parte do dinheiro, conforme o relatório da PF foi fraudado. Desde o ano passado, o MCT está cobrando o ressarcimento.

O delito foi comprovado “nos autos do processo e consolidados pelo Relatório de 25/08/2014 da Comissão Técnica”, instituída pelo Ministério. As investigações apontaram um prejuízo de R$ 2.333.515,59. Com atualização monetária pode ultrapassar os R$ 4 milhões.

Envolvidos – Segundo documento fornecido pelo Tribunal de Contas do Estado foram envolvidos nas investigações, o deputado e ex-secretário Aguinaldo Ribeiro, os ex-secretários Marconi Maia (Ciência e Tecnologia), Gilberto Carneiro da Gama (Administração), Estela Bezerra e Aldo Cavalcante Prestes (Planejamento), e Adriana Araújo de Morais, todos da gestão de Ricardo Coutinho/Luciano Agra.

Mais em https://tramita.tce.pb.gov.br/tramita/pages/main.jsf