MONTANHA PARIU UM RATO… Livânia nega voz em documentário anti-Calvário e desautoriza publicação de cartas pessoais
O fato é que pegou mal. Nos últimos dias, um documentário de nove episódios, “Justiça contaminada: o teatro do lavajatismo na Paraíba”, exibido ao vivo pela TV Conjur em redes sociais, procurou associar a Lava Jato com a Operação Calvário, numa clara tentativa de associar o caso Lula ao escândalo de Ricardo Coutinho. Anunciado como um bomba, no fim viu-se a montanha pariu um rato…
Até ai, sem novidades. O detalhe foi a produção ter utilizado, no chamado Episódio 7, a ex-secretária Livânia Farias para embasar uma narrativa de conluio na condução das investigações por parte da força tarefa. O alvo primário, obviamente, foi o Gaeco, responsável por desbaratar a suposta organização criminosa.
Num certo trecho do documentário, há a seguinte declaração atribuída a Livânia: “O único processo que andou foi esse, que tem eu, Daniel, Leandro e Michelle, que é o da caixa de vinhos. E que é aí que eu quero saber o que o Judiciário daqui vai fazer, porque se aquilo ali não for eleitoral, nenhum mais é. E eu acho que nem deveria ter chegado a tanto.” A tentativa, óbvia, e de levar o processo para a Justiça Eleitoral.
Também foram exibidas cartas de Livânia, no auge da Calvário, em que ela revela desejo de tirar a própria vida. Livânia nega que a voz posta no vídeo seja sua, condena a veiculação das cartas, bem como a utilização indevida de seu diário, apreendido na Calvário, mas que seu advogado terminou levando para o ex-governador Ricardo Coutinho, antes de entregar a parentes seus, como era seu desejo.
Em carta, Livânia afirmou: “Declaro que não autorizei a veiculação dessas cartas e nem da minha imagem ou voz a quem quer que seja, bem assim jamais afirmei existir qualquer negociação ou conluio por parte dos órgãos do sistema de Justiça. Os fatos insertos no diário dizem respeito a minha intimidade, não tendo autorizado advogado ou a qualquer que fosse, a divulgação ou repasse do seu conteúdo.”
É evidente, meu caro Paiakan, a tentativa de usar os mesmos argumentos que “descondenaram” o ex-presidente Lula, para salvar Ricardo Coutinho, sem observar, contudo, que, enquanto no caso do ex-presidente não há um vídeo dele cobrando propina, no caso do ex-governador, há uma profusão de provas na forma, não apenas de delações (todas documentadas), bem como vários áudios com cobrança até mesmo de décimo terceiro de propina.
O documento chega, coincidentemente, quando afunila o julgamento da ação pena remanescente da fase 7 da Calvário (Juízo Final), que levou à prisão Ricardo Coutinho e mais 16 pessoas, integrantes da suposta organização criminosa desbaratada pelo Gaeco e a força tarefa, além do indiciamento de 35 integrantes ao todo.
A Calvário se desdobrou em 23 denúncias. Em 13 delas, Ricardo Coutinho já se encontra na condição de réu. Nessas denúncias, apurou-se o desvio de mais de R$ 450 milhões, envolvendo as relações promíscuos entre agentes públicos e organizações sociais, que, ao longo de uma década, movimentaram mais de R$ 2 bilhões de recursos públicos, de acordo com as investigações.
O VÍDEO DO EPISÓDIO 7 DO DOCUMENTÁRIO…