Moro revela ao Supremo que Lula tentou (conforme escutas telefônicas) obstruir e intimidar a Justiça
Em documento de 30 páginas remetido ao Supremo Tribunal Federal, o juiz Sérgio Moro admite excesso em divulgar o grampo envolvendo a conversa entre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Mas, afirma ter tido uma razão especial para permitir a veiculação. Segundo Moro, Lula tentou obstruir o trabalho da Justiça e até teria usado de intimidação.
Eis o trecho do documento, em que trata do assunto: “Foram colhidos diversos diálogos do ex-presidente com conteúdo jurídico-criminal relevantes por revelarem condutas ou tentativas de obstrução ou de intimidação da Justiça ou mesmo solicitações para influenciar indevidamente magistrados, sendo também colhidos diálogos relevantes para o objeto da investigação em curso, de fundada suspeita de ocultação de patrimônio em nome de pessoas interpostas.”
Diz ainda Moro, negando que estivesse em curso medida mais drástica contra o petista: “Mesmo no caso envolvendo o ex-presidente, apesar de todo esse contexto, de aparente intimidação, obstrução e tentativas de influenciar indevidamente magistrados, e não obstante toda a especulação a respeito, não havia sequer qualquer pedido de decretação de prisão cautelar do Ministério Público Federal contra o investigado, o que significa que medida drástica sequer estava em cogitação por parte deste Juízo.”
Outras escutas – Moro revela também a existência de mais ligações que tiveram o sigilo rompido na 24ª fase da Lava Jato que teve como alvo o ex-presidente. Apenas parte delas foi divulgada em 16 de março, um dia antes de Lula tomar posse como ministro da Casa Civil. Segundo Moro, a publicidade dos grampos “era a melhor maneira de prevenir novas condutas ou tentativas de obstrução ou intimidação da Justiça”.
Moro cita, inclusive que ex-presidente afirma que “eles têm que ter medo”, em referência aos investigadores que buscam detalhes sobre suas negociações. Para Moro, o petista teria dado as declarações sem “sem maiores pudores”. E acrescentou: “nesse contexto, o pedido do Ministério Público Federal de levantamento do sigilo do processo se justificava exatamente para prevenir novas condutas do ex-presidente para obstruir a Justiça, influenciar indevidamente magistrados ou intimidar os responsáveis pelos processos atinentes ao esquema criminoso da Petrobrás. O propósito não foi, portanto, politico-partidário”.
Mais em http://goo.gl/Mq9aEh (Estadão)