Motim na Assembleia: deputados se revoltam com estilo autoritário de Gervásio para agradar RC e prometem dar o troco
O que estava sendo tratado intramuros de repente ganhou domínio público. Há uma crise na Assembleia, envolvendo, de um lado, o presidente Gervásio Filho e, de outro, deputados de vários partidos. A queixa é uma só: Gervásio, “talvez na ânsia de agradar o governador Ricardo Coutinho e se viabilizar como candidato ao Governo em 2018”, está tentando impor uma administração “autoritária e sem levar em conta que a Assembleia não tem dono”.
Há um motim, envolvendo deputados governistas e também da oposição. Nos últimos dias, por exemplo, o ex-presidente Adriano Galdino tentou tomar satisfações com Gervásio, por conta de pleitos não atendidos: “Quando fui presidente, ele vivia apresentando reivindicações, e eu procurei atender a todas. Agora, não atende sequer metade do que eu apresento.” A queixa foi testemunhada por vários servidores. Ele teria dito ainda que “a Assembleia é do povo de seus 36 deputados, e não de um só”.
Esta semana, o deputado Janduhy Carneiro denunciou ter ouvido de um deputado, que “os parlamentares que não se enquadrassem seriam perseguidos”, e o presidente iria dar um tratamento diferenciado, “para pior, claro”, em quem assumisse uma oposição muito renhida ao governador. Janduhy prometeu levar a denúncia adiante, inclusive acionando o Ministério Público. O deputado que deu o recado a Janduhy foi Jeová Campos, que não desmentiu a denúncia de Janduhy.
Jeová, apesar de filiado ao PSB do governador e também de Gervásio, tem uma formação mais democrática e, aparentemente, não concorda com o comportamento discriminatório implantado na Assembleia sob gestão girassol. O deputado Tovar Correio Lima, que também presenciou o recado de Jeová, não quis aprofundar o debate, e comentou que “roupa suja deveria se lavar em casa”, defendendo que os deputados procurem dialogar internamente, antes de levar o caso a público.
Pelo que se comenta nos bastidores, Gervásio só estaria atendendo pleitos do governador, como foi o caso da nomeação de sua irmã (Valéria Coutinho) para uma diretoria da Casa. E estaria ainda cumprindo uma orientação do Palácio da Redenção de inviabilizar as nomeações indicadas pelos deputados de oposição ao Governo. Existiria até mesmo um índex com nomes de pessoas vetadas por setores do Governo.
“Até o portal da Assembleia está sendo usado pra divulgar eventos do governador, quando deveria ser um espaço institucional para divulgar o material produzido pelos deputados, e tudo isso porque Gervásio vem deixando a Assembleia para acompanhar o governador pelo Estado afora, no afã de bajular”, denuncia outro. Dá bem uma ideia do clima reinante. Para uma Casa plural, o comportamento de Gervásio pode ser fatal aos seus planos futuros. É possível que passe a enfrentar dificuldades, inclusive, para se manter no posto de presidente.