NA FOLHA DE SÃO PAULO Queiroga diz estar “vacinado contra intriga” e fala sobre tratamento precoce, vacinas e até da CPI da Covid
Tem repercutido, na últimas horas, entrevista concedida pelo ministro Marcelo Queiroga (Saúde) ao jornal Folha de São Paulo, no último sábado (doa 10), quando o paraibano fala de vacinação, uso de máscaras, uso de medicamentos para tratamento precoce, posições do presidente Bolsonaro em relação à Covid e até, entre outros.
Bolsonaro – Num certo trecho da entrevista, a Folha indaga “No mesmo dia em que o sr. saiu de uma reunião do comitê de enfrentamento à Covid, o sr. defendeu isolamento e máscaras, e o presidente duas horas depois disse o oposto. Esse discurso duplo não é prejudicial?”
Marcelo: “É meu dever persuadir meu presidente em relação às melhores práticas. Se eu não conseguir, a falha é minha, e não do presidente. Ele foi eleito para governar o país. Eu me vacinei contra a Covid, e, antes de chegar aqui, me vacinei contra qualquer tipo de intriga. Não estou aqui para fazer política na saúde, mas de saúde.”
Noutro trecho, a Folha indaga: “O senhor acha que tem conseguido persuadir o presidente? Ele fala em se vacinar, mas nunca diz quando.”
Marcelo responde: “É uma decisão pessoal. A Constituição assegura a privacidade. Não só o presidente, mas todos os brasileiros que estejam dentro do grupo prioritário têm de ser vacinados. Mas a decisão tem de ser do presidente. Não vamos resolver essas coisas na base da lei. Lei para usar máscara funciona? Não funciona, é preciso a população aderir. Lei para não roubar funciona? Não, estão roubando aí. Não é na base do grito que vamos resolver. É do diálogo, e estou aqui para isso.”
CPI da Covid – A Folha indaga: “Como vê a possibilidade de uma CPI sobre a gestão da Covid?” Marcelo diz: “CPI é questão do Parlamento. Eu cuido da Saúde. Se acharem que devo ir lá fazer esclarecimentos, irei. É decisão judicial, e decisão cumpre-se.”
Marcelo Queiroga – A partir do segundo semestre conseguiremos ter mais doses disponíveis. O maior país a vacinar a população é os Estados Unidos. Depois que conseguirem vacinar a população deles, vamos ter mais doses, e essa é a nossa expectativa.
Tratamento precoce – A Folha pergunta: “Estudos recentes já apontam ineficácia da cloroquina para a Covid, mas o Ministério (da Saúde) ainda tem um documento que orienta o uso do remédio e chegou a distribuir milhões de unidades. Vai interromper essa oferta?”
Marcelo: “Vamos fazer uma linha de cuidado colocando de maneira clara todos os fármacos que são considerados e qual a evidência que existe em relação ao uso deles. Mas naturalmente preservando a autonomia dos médicos. Essas prescrições off-label não são só da cloroquina e hidroxicloroquina. Não vim aqui para discutir cloroquina, vim para gerir o Ministério da Saúde. Há uma série de outros medicamentos que são off-label, estão sendo usados e não têm evidencia científica sólida. E os médicos são autônomos, ninguém critica.”
A Folha insiste: “Mas hoje o ministério já deixa a critério do médico essa decisão da cloroquina. E vemos que a própria OMS…” Marcelo: “Se o que estava sendo feito tivesse surtido o resultado desejado, eu não seria o ministro da Saúde. Já chamei a comunidade científica, os técnicos do ministério, médicos assistenciais, e vamos buscar um caminho de convergência em cima das condutas que comprovadamente funcionam.”
Ainda a Folha: “Mas já há estudos nível A que mostram ineficácia?” Marcelo completa: “Em determinados subgrupos. Não é um retrato, é uma amostra. Mas, não vim discutir cloroquina, mas vacina.”
(Entrevista completa no portal UOL/Folha em https://bit.ly/3dQpTOM)