Não sejamos otários, confira com Palmarí de Lucena
Na Antiguidade e na Idade Média, a barba significava honra e poder. Ter a barba cortada por alguém representava uma grande humilhação. Essa ideia chegou aos dias de hoje nessa expressão que significa ficar de sobreaviso, acautelar-se, prevenir-se. Um provérbio espanhol diz que “quando você vir as barbas de seu vizinho pegar fogo, ponha as suas de molho”. Todos devemos aprender com as experiências dos outros. Esse é o mote do novo comentário do escritor Palmarí de Lucena, “Não sejamos otários”. Confira a íntegra:
Crimes violentos recentes envolvendo suprematistas brancos americanos, nos motivaram a baixar do YouTube o curta-metragem Don’t be a sucker (Não seja um otário), produzido pelo então Departamento de Guerra dos E.U.A. em 1947. Dramatizando a preocupação dos militares com o crescimento do racismo pós-guerra e o impacto negativo da intolerância como desafios a democracia e a segurança nacional. O filme propunha estimular resistência às ideias racistas e separatistas defendidas por demagogos, alguns deles apologistas de regimes totalitários derrotados pelos Aliados.
A eleição estadunidense de 2016, trouxe à tona uma retórica contundente que ultrapassou a fronteira da civilidade, ofuscando a objetividade e conteúdo programático das propostas dos candidatos. Fake news e o medo disseminados nas redes sociais se tornaram os aspectos mais desconcertantes e desagregadores do certame eleitoral. Donald Trump construiu uma base eleitoral que subscrevia a todas queixas e preconceitos do discurso irado do principal protagonista do filme Don’t be a sucker.
Conflitos na sociedade norte-americana se agravaram desde a posse de Donald Trump. Suas postagens no Twitter demonizando oponentes, inventando inimigos e disseminando fake news se transformaram em vetores da radicalização, violência difusa e guerras culturais. A relutância de Trump de descer do palanque político, pacificar o país e assumir o manto da Presidência, limita suas políticas e ações à fidelização e apaziguamento de sua base eleitoral, muitos deles separatistas brancos e xenófobos.
Ataques ao secularismo do estado, revanchismo político-partidário e a institucionalização da retórica eleitoral que dividiu comunidades, implodiu constelações familiares e transformou velhos amigos em novos inimigos, fomentou um clima de discórdia e apresenta novos desafios para os três pilares da República. Devemos nos manter vigilantes sobre o risco inerente do espelhamento de posturas e políticas desagregadoras. O preço da liberdade é a vigilância eterna, afirmou Thomas Jefferson.