Nas garras do dragão chinês, confira com Palmarí de Lucena
O escritor Palmarí de Lucena, em sua mais recente crônica, aborda o avanço da China no comércio mundial. Lembra Palmarí, como “as ambições chinesas florescem em um período onde predominam crises políticas auto-infligidas nos Estados Unidos e no Reino Unido”.
Confira a integra do comentário “Nas garras do dragão”:
Dentro dos próximos meses, as superpotências da atualidade e do passado estarão se posicionando em situações passivas de um enorme grau de automutilação. A maior vítima poderá ser a própria democracia e os perdedores, quatro bilhões de cidadãos de países democráticos. Com os Estados Unidos e o Reino Unido em convulsão política, a China avança seus objetivos e amplia sua esfera de influência em quase todos continentes, incluindo a Europa, países emergentes e nações africanas.
O Governo da China Popular está estreitando laços bilaterais e aumentando seu protagonismo mundial através da criação de rotas comerciais e melhorias nos sistemas de transportes dos seus parceiros com financiamentos bilionários, disponibilizados pela chamada Belt and Road Initiative. O objetivo principal da iniciativa chinesa é redirecionar o comércio internacional para sua esfera de influência econômica através da construção de portos, rodovias e ferrovias na Europa, África e Ásia. A Itália está prestes a assinar um memorando de entendimento com a China, a possibilidade de grandes negócios e contratos lucrativos são tentadores demais para serem ignorados.
As ambições chinesas florescem em um período onde predominam crises políticas auto-infligidas nos Estados Unidos e no Reino Unido. O eleitorado americano e o clima pós-Brexit tem grande potencial de exacerbar diferenças nas eleições de 2020, diminuindo assim a possibilidade de diálogo entre lados opostos, aumentando a descrença na elite política e criando novos desafios nas relações internacionais.
Nacionalismo e popularismo estão provocando um perigoso cabo-de-guerra entre extremos políticos incapazes de lidar com os avanços chineses de uma maneira coerente, relevante aos interesses nacionais. Sendo um regime autoritário e antidemocrático, os chineses têm-se mostrado flexivelmente amorais quando se trata dos seus interesses e predominância no comércio mundial. O Brasil que se cuide…