NO PÓS-OPERATÓRIO… Superpedido causa estragos no governo mas tem duas pedras no caminho: Lira e Mourão
Causou um estrago político, é inegável, meu caro Paiakan. O chamado superpedido de impeachment contra Bolsonaro, pode até não prosperar, como, aliás, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (Progressista-AL), aparentemente, já sinalizou, mas provoca sísmicos na imagem do presidente junto a setores importantes da sociedade.
Já existem protocolados na Câmara e na fila aguardando despacho de Lira mais de 120 pedidos de impeachment. O superpedido, inclusive, trata-se de um resumo de grande parte desses pedidos anteriores.
O novo texto é assinado por 43 pessoas, partidos e entidades tem peso de mais de 270 páginas. Dentre os partidos, PT, PCdoB, PSB, PDT, PSOL, Cidadania, Rede, PCO, UP, PSTU e PCB. A novidade foi a subscrição de deputados como Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joyce Hasselman (PSL-SP), além de Kim Kataguiri (Dem-SP), um dos líderes do MBL (Movimento Brasil Livre).
Com esse novo superpedido, Bolsonaro passa à condição de recordista: é o presidente com o maior número de pedidos de impeachment já protocolados na Câmara. E, certamente, esse número tem um peso. Especialmente pelo comportamento biliático e a incontinência verbal do presidente, sobretudo quando se refere a adversário. Nas últimas horas, chegou a tachar de bandidos os sete senadores que comandam a CPI da Pandemia.
No pós-operatório do superpedido, a percepção de que tramitação vai depender da pauta do presidente da Câmara. E Arthur já adiantou que só deve analisar o pedido, com o término da CPI da Pandemia, que ele considerou, em tom de ironia, “como muito imparcial”. Mas, além desse, digamos, obstáculo, o pedido também passa pela possibilidade do general Mourão assumir o governo, em caso de impeachment de Bolsonaro.
E, meu caro Paiakan, talvez a própria oposição não deseje esse desfecho. Mourão, como se sabe, é muito mais cerebral que Bolsonaro. O que poderia ser um adversário mais difícil de se enfrentar. Além de ter muito mais ligações com as Forças Armadas, sempre um risco para a sequência do campeonato.
Crimes – Foram apontados no documento 23 crimes que teriam sido cometidos por Bolsonaro, dos quais destacam-se:
- contra a existência da União;
- contra o livre exercício dos poderes legislativo e judiciário e dos poderes constitucionais dos estados;
- contra o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
- contra a segurança interna;
- contra a probidade na administração;
- contra a guarda e legal emprego dos dinheiros públicos;
- contra o cumprimento de decisões judiciárias.