O apoio envergonhado do PMDB
Foi curioso o argumento utilizado por dois dos principais caciques do PMDB, para justificar o apoio ao governador Ricardo Coutinho. Tanto o senador Vital Filho, quando o eleito Zé Maranhão afirmaram que a adesão seria para fortalecer a reeleição da presidente Dilma. Pode nem ser, mas passou a impressão de ser um apoio envergonhado ao maior algoz do partido nas últimas eleições.
E é compreensível, afinal como explicar à militância a adesão ao mesmo político que, em 2008, quando de sua reeleição à Prefeitura de João Pessoa, simplesmente detonou o PMDB da chapa, sem dar explicações. Ou, em 2010, decidiu se insurgir para enfrentar Zé Maranhão nas urnas, na disputa ao Governo do Estado. Difícil fazer a militância entender a aliança com seu algoz.
Por isso, o discurso enviesado de que o apoio a Ricardo se justifica para fortalecer a candidatura da presidente Dilma. Algo que é verdade, mas apenas em termos. O que mais ocorreu nessas eleições foram candidatos fazendo parcerias com adversários. O próprio Vital foi vítima disso, na medida em que vários peemedebistas fizeram campanha com Cássio Cunha Lima, outros com Wilson Santiago e Lucélio Cartaxo.
Maranhão foi votado por peemedebista, mas também por cassistas e petistas, está claro. Por uma simples razão: os candidatos majoritários estão acima das disputar paroquiais. Ora, a presidente Dilma teve apenas o apoio de Vital, e obteve grande votação no Estado, enquanto Vital não chegou a 6%. Não há mais voto casado, porque se houvesse, Cássio teria eleito Santiago, ou Ricardo, Lucélio.
Foi, portanto, um apoio que soa envergonhado, até porque o partido já sabia quanto ia desencadear de reação na militância, que se traduz na dissidência de vários deputados e prefeitos ao acordo.