O assassinato de Khashoggi e outros crimes contra jornalistas, por Palmarí de Lucena
Em sua mais recente crônica, o escritor Palmarí de Lucena lembra que, em 2018, 86 jornalistas foram mortos por veicularem verdades capazes de causas abalos em determinados governantes, como foi o caso do saudita Jamal Khashoggi, dentro de embaixada na Turquia. Lembra Palmarí como tem sido comum gente como Donald Trump atacar a mídia “estimulados as vezes, por narrativas ideológicas ou oportunistas”. Confira a íntegra do comentário “Guerra contra a verdade”, tratando do tema:
Especialistas em direitos humanos das ONU pediram recentemente que líderes mundiais parem de incitar o ódio e a violência contra a mídia e garantias de que os responsáveis por tais ataques, sejam responsabilizados. Paradoxalmente os Estados Unidos, considerado como protetor e líder da luta pela proteção do direito à liberdade de opinião e expressão, tornou-se um protagonista no discurso tóxico contra a mídia. Demonizando-a como “inimiga do povo”, o Presidente Trump abriu a porteira da intolerância contra jornalistas, ousando questionar a veracidade de suas postagens no Twitter. Entre as consequências não-intencionadas atribuídas à suas palavras inflamatórias, o envio de bombas caseiras para colaboradores e jornalistas da CNN.
O brutal assassinato do saudita Jamal Khashoggi, um dos 86 jornalistas mortos em 2018, trouxe a tona a verdade incomoda de que muitos governos, não estão isentos de culpabilidade na supressão violenta da liberdade de expressão. Lamentavelmente, interesses geopolíticos e econômicos dos Estados Unidos garantiram que os mandantes do crime fossem tratados com negligência benéfica e eventual impunidade.
Levantamento realizado em 2018 pelo Centro para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), revelou que o Brasil é um dos dez piores países do mundo em termos de impunidade para assassinatos de jornalistas. Segundo a CPJ, no período de dez anos entre 1º de setembro de 2008 e 31 de agosto de 2018, houveram 17 casos em que os criminosos não foram condenados.
É preocupante a crescente tendência de atacar a grande mídia e jornalistas investigativos através de postagens em redes sociais, estimulados as vezes, por narrativas ideológicas ou oportunistas. Um viés antagônico contra certas cadeias de televisão, começa a expor traços de um autoritarismo antidemocrático ao direito de liberdade de expressão e opinião. Precisamos ser vigilantes com as nossas liberdades, elas vão mais além do direito de assistir novelas, eventos esportivos e entretenimento.