O custo da reputação, confira com Palmarí de Lucena
Em sua crônica “O custo de reputação”, o escritor Palmarí de Lucena desfia uma reflexão sobre como a reputação de um governante pode comprometer a imagem de uma nação, e trazer graves consequências para a sua gente. É o que vem ocorrente com o Brasil, inclusive com o rebaixamento de agências internacionais, que tornam o País mal visto, inclusive, para investimentos externos. Confira a íntegra de seu comentário:
Torna-se difícil separar a personalidade de um político propenso a ideias arcaicas, nutridas pela falta de curiosidade intelectual e a da persona do presidente de um país de dimensões continentais, grande relevância geopolítica e influência no cenário político internacional. O fato do primeiro mandatário ser conservador não é o grande problema, ele foi eleito democraticamente. O que constrange mais é o analfabetismo político, evidente em pronunciamentos e decisões sobre problemas globais como mudanças climatológicas, violações de direitos humanos, conflitos regionais e os efeitos do protecionismo americano no crescimento econômico mundial.
Bajulação foi uma das palavras usadas por um importante órgão da televisão americana, para caracterizar a postura submissa do presidente brasileiro diante de Donald Trump, que incluiu a isenção de vistos para turistas americanos, sem nenhuma garantia de reciprocidade para cidadãos brasileiros. Ações complementadas por declarações preconceituosas contra turismo LGBT, sugerindo que o Brasil estaria aberto preferencialmente para turistas interessados em relações sexuais com mulheres brasileiras. Paradoxalmente, ambos grupos se beneficiariam da isenção de vistos com resultados opostos, em termos de respeito a ordem pública e a autoestima nacional.
É muito difícil imaginar que uma democracia ocidental não questionaria políticas permitindo o desmatamento de áreas indígenas, negação do impacto de mudanças climáticas, minimização de direitos humanos e adoção de posturas moralistas ditadas por ideólogos da extrema direita. Enquanto promovemos a reforma da previdência como crucial ao retorno de investimentos, esquecemos que a perda de reputação como um país que respeita o meio ambiente e produz de uma maneira sustentável, contradiz a nova imagem de confiança que queremos projetar como um país fiscalmente equilibrado e aberto a participação estrangeira na nossa economia.