O duro recado das urnas para RC
Assentada a poeira das urnas, ninguém em sã consciência tem dúvida de que o grande derrotado nessas eleições foi realmente o governador Ricardo Coutinho. E de todas as lideranças envolvidas na disputa, direta ou indiretamente, talvez ele seja quem mais precise refletir sobre o fracasso, para evitar um novo revés em 2014.
Ricardo perdeu em todos os maiores municípios do Estado, à exceção de Bayeux. E talvez nem isso, afinal Expedito Pereira não é exatamente um ricardista. E na maioria das 34 cidades em que o PSB elegeu prefeitos, certamente os eleitos não morrem de amores por ele, RC. Estavam casualmente no partido, não por seus belos olhos.
Um cenário que leva a uma indagação: por que o governador sofreu tamanha derrota? A resposta mais óbvia é seu estilo de fazer política, sem fazer amigos. Antes, faz inimigos. Basta lembrar o histórico de todos os aliados com quem andou rompendo nos últimos tempos. Todos, todos eles se tornam seus inimigos mais ferrenhos.
Depois, o desastre do seu Governo. Talvez esteja até realizando algumas boas obras. Mas, isto não está se traduzindo em seu favor. Afinal, sua maior obra tem sido o contencioso com os servidores, que iniciou com a maior demissão em massa de servidores no Estado. E seu Governo não se acerta em áreas vitais como saúde e segurança, por exemplo.
Sua perseguição a setores da Imprensa e do funcionalismo, como o pessoal do Ipep, do Fisco e aos médicos, só guarda semelhanças com práticas nazistas. Ou stalinistas, conforme se queira. Imaginou talvez que a população aprovasse seu estilo de endurecer o jogo, como a querer mostrar autoridade. Mas, ter autoridade é diferente se ser autoritário.
A população usou as urnas para mandar seu recado de desconforto com um governante que, no tempo de candidato, prometeu mudar a Paraíba (para melhor) em quatro anos. Tinha tudo para fazer e não fez. O que se viu foi uma repetição de práticas coronelistas ultrapassadas e um Governo fraco beirando à mediocridade.
Para evitar um desastre anunciado, o governador vai precisar meditar e certamente mudar. De prima, precisará rever a forma como se relaciona com a Assembleia e com a classe política em especial. Seu tratamento com o senador Cássio, por exemplo, precisará melhorar várias oitavas, porque o tucano está revigorado.
Ele irá necessitar de uma reciclagem no diálogo com os deputados. Durante esses dois anos, ele sofreu pesadas derrotas, mais pela arrogância, do que pela falta de articulação. O caso da Cagepa, por exemplo. Ele insiste em acionar a Justiça para peitar a Assembleia. Se insistir nessa estratégia, certamente irá sofrer novas derrotas.
Finalmente, precisará reciclar o seu Governo. Terá de mudar áreas essenciais de sua administração, que têm um efeito direto junto à população. Isso compreende a área de saúde, educação e, especialmente, segurança pública. E, para dar suporte às mudanças, alterar sua estratégia de comunicação, que tem sido, pra dizer o melhor, desastrada.
Se tiver humildade para entender o recado das urnas, certamente meditará sobre mudanças em seu comportamento e em seu Governo. Como tem um caixa reforçado, essas medidas terão lastro para emplacar. Se, contudo, insistir em se manter acima do bem e do mal, só um milagre poderá salvar seus planos para 2014.