O governador, a surra de varas na oposição e a violência
O ambiente não poderia ser mais propício para as belicosas declarações do governador Ricardo Coutinho: um haras. E, na verdade, nem chegaram a surpreender tanto. Como se sabe, o governador tem o hábito de agredir adversários. Na última campanha, por exemplo, chegou a propor umas palmadas na bunda do então prefeito Luciano Agra.
Por isso, não foi de espantar quando afirmou, durante sua festa de aniversário, que vai dar uma surra de varas na oposição, para alegria de sua militância também tão beligerante. Ora, há uma década, quando era do PT Ricardo já ameaçou dar uma surra no Padre Luiz Couto, em convenção realizada no Lyceu, por conta de uma disputa interna do partido.
Pode não pegar bem, é verdade. Afinal, a Paraíba experimenta um momento de grande apreensão face ao aumento da violência. Na semana passada, por exemplo, a população ficou literalmente assombrada com a história do toque de recolher, que o governador se apressou em negar, sem explicar (e convencer) o repentino o aumento do efetivo nas ruas, exatamente na hora marcada pelos bandidos.
Suas declarações de que dará uma surra na oposição também trouxe um elemento potencialmente perigoso para a disputa do próximo ano, que é o fato de incendiar a sua militância para um jogo do vale-tudo, inclusive da violência. Um governador jamais deveria estimular a agressividade, porque violência gera violência. É algo que não se sabe como vai terminar.
Mas, de qualquer forma, agora está explicado por que o governador escolheu exatamente um haras para comemorar seu aniversário. Não poderia haver local mais apropriado para dar as declarações que deu.