O governador, as demissões e o jejum das maldades
Poucas horas após assumir o Governo, em 2011, Ricardo Coutinho se encontrou com o procurador Oswaldo Trigueiro, que entregou uma recomendação do Ministério Público para demitir servidores. RC nem pestanejou e mandou para a rua cerca de 30 mil prestadores de serviço, alegando que eram contratações ilegais.
Mas, é importante observar como o mundo dá voltas. Na manhã desta quarta (dia 27), o Ministério Público do TCE emitiu recomendação similar para o governador demitir mais 9.4 mil servidores. Pois, nem bem a poeira assentou, e nosso ínclito, preclaro e insigne governador anunciou, com toda autoridade, que não irá demitir ninguém (!).
Mas, afinal, o que houve com aquele destemido governador que demitiu mais de 30 mil pais de família? Do nada, RC mudou? O que terá ocorrido? Ele terá sido aconselhado a dourar a pílula, depois das seguidas vaias que andou tomando pela Paraíba afora? Ou terá decidido celebrar o espírito da Semana Santa e jejuar das maldades?
Bem que ele podia aproveitar o espírito pascal e repor as gratificações do pessoal do Ipep e pagar a PEC 300 dos policiais. Momento mais propício não há. Poderia ressarcir o pessoal do Fisco, pelas perdas decorrentes do descumprimento da Lei do Subsídio. Mandar abastecer as farmácias do Estado para entregar os medicamentos de uso continuado a quem mais precisa.
Nada mais cristão, para uma Semana Santa, do que abrir as despensas da Granja Santana, para os pobres terem acesso à lagosta, e aos camarões, bacalhaus e peixes raros. Podia aproveitar o surto de cristandade e permitir que a Assembleia investigue o infiel que andou fazendo as compras milionárias, obviamente à sua revelia e da primeira-dama. Podia, enfim, fazer uma promessa ao Papa Francisco de não mais perseguir jornalistas na Paraíba… Aleluia.