O lírico alfabeto de Mario Quintana
Lúdico, leve, animado, tenro, encantador! É impossível, para as crianças, não se deixarem levar pela poesia de Mario Quintana em “O Batalhão das Palavras”, reeditado em 2014 pelo selo Alfaguara, do grupo Objetiva. Para os adultos, também é difícil ler a colorida e divertida edição sem esboçar um sorriso e uma saudade dos tempos de escolas. Para todos, é fácil perceber a beleza da nossa língua, e como domina-la pode ser algo fácil e prazeroso, tal qual nos ensina o mestre.
Nesse livro, lançado originalmente em 1948 e que ganha, na mais recente edição, ilustrações de Marilia Pirillo, aprender o alfabeto nunca foi tão divertido e lírico! Quintana vai recitando cada letra, formando palavras em uma poesia leve e encantadora, como só ele sabe nos mostrar. Assim, nos ensina que “com o H se escreve Hoje,/ mas ontem não tem H… / Pois o que importa na vida/ é o dia que virá!”; ou nos conta que “Era uma vez um M poeta/ que um dia, em busca de uma rima, caiu de pernas pra cima/ e virou um belo dábliu!/ Coisa assim nunca se viu,/ mas é a história verdadeira de como o dábliu surgiu…”.
Do A até o Z, o poeta-professor nos mostra como é possível decorar o alfabeto de uma forma poética! Ele aproxima o mundo infantil do mundo da poesia, fazendo com que os pequenos, desde cedo, percebam a magia das rimas. E não só eles. Para os adultos, ler O Batalhão das Palavras é revisitar a alegria de nossas antigas lições, e nos deixar envolver pela pureza com que Quintana ensina a “poetizar” o ABC.
O livro é ilustrado de uma forma igualmente encantadora, ligando as letras aos nomes que Quintana apresenta. Dessa forma, um S vira uma serpente, o Q, uma fatia de queijo, o J, um jacaré…. E assim, ao longo das suas 40 páginas, a obra faz com que mergulhemos no universo incrível do aprendizado, da formação das palavras, do bê-a-ba rimado e cadenciado do poeta.
Quintana e Alfaguara – Desde 2012, o selo Alfaguara, da editora Objetiva, vem republicando obras de Mario Quintana. Ao todo, serão o titulos relançados: Rua dos Cataventos (1940), Canções (1946), Sapato Florido (1948), O Aprendiz de Feiticeiro (1950), Espelho Mágico (1951), Caderno H (1973), Apontamentos de História Sobrenatural (1976), A Vaca e o Hipógrifo (1977), Esconderijos do Tempo (1980), Antologia Poética (1985), 80 Anos de Poesia (1986), Baú de Espantos (1986), Da Preguiça como Método (1987), O Batalhão de Letras (1987), Preparativos de Viagem (1987), Porta Giratória (1988), A Cor do Invisível (1989), Velório sem Defunto (1990), Poemas para Ler na Escola – Mário Quintana. (com Reny Barroso).