O nepotismo eleitoral que levou o País para o atoleiro ético e moral, por Palmarí de Lucena
Para o escritor Palmarí de Lucena, o nepotismo eleitoral vem perpetuando famílias na atividade política e seria, inclusive, uma das principais causas do “atoleiro ético e moral”, que o País vem experimentando nos últimos tempos. Palmarí comenta como dinheiro e sobrenome ditam o poder eleitoral no Brasil, mantendo o “clientelismo e o patrimonialismo”.
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“Nepotismo eleitoral
Perpetuando famílias no poder, o nepotismo eleitoral figura entres as causas principais para o atoleiro ético e moral diminuindo a democracia brasileira e entorpecendo tentativas à modernização das instituições. Reproduzindo estruturas político-partidárias por gerações, privilegiando um criadouro de possíveis abusos do poder econômico, mantendo o clientelismo e o patrimonialismo. Dinheiro e sobrenome contribuindo para a manutenção do poder eleitoral, abrindo janelas de oportunidade às práticas corruptas, conflito de interesses eventualmente atentatórios à lisura, transparência, e correta formação e desenvolvimento do processo eleitoral.
Crescimento continuado da bancada de herdeiros de políticos na Câmara Federal expõe a participação desproporcional de famílias tradicionais; 49% dos deputados federais eleitos em 2014, tinham avôs, pais, mães, irmãos, cônjuges e/ou primos com influência política – o maior índice das quatro últimas eleições. No Rio Grande do Norte, 100% dos oito deputados federais eleitos em 2014 pertencem a dinastias políticas. Proliferação de rodovias, hospitais, escolas e logradouros públicos com nomes de parentes de políticos, mesmo quando os homenageados não exerceram atividades relevantes, é um dos exemplos mais representativos da privatização da coisa pública para homenagear familiares de políticos e seus herdeiros.
Considerar ou mesmo seguir a profissão e ocupação dos pais é comum na sociedade brasileira, sem que isso raramente aconteça devido à familiaridade com tais atividades profissionais. Cargos eletivos são a exceção e devem ser abertos a todos. Estratégias para manter os espaços de poder de famílias tradicionais com filhos ou parentes que são, muitas vezes, empurrados para converter-se em políticos profissionais, limitando assim a acessibilidade e diversidade nos cargos eletivos, em todos os níveis. Nepotismo eleitoral é parte do cenário de atraso e falta de mudanças no Nordeste, que encabeça a lista das regiões com maior percentual (63%) de herdeiros políticos no país.”