O País dos demagogos, oportunistas e corruptos. Confira com Palmarí de Lucena
Em sua mais recente crônica, o escritor Palmarí de Lucena, comenta como “o povo brasileiro é vítima daqueles que elegeu”, tratando precisamente de como o Poder Legislativo experimenta um desgaste “sem precedentes”, por conta de seu comportamento errático. Aborda ainda como a classe política buscar driblar as leis, para manter seus privilégios e, especialmente, a imunidade, que assegura a continuidade de uma prática deletéria aos interesses do País.
Confira a íntegra do comentário “Deslegitimação do poder legislativo”:
Rousseau nos ensinou que a tirania é toda ação de um governante que exceda os limites permissíveis de uma lei, defendendo o poder legislativo como o genuíno representante do povo e um mecanismo de dissuasão de excessos do poder executivo. As revelações da Operação Lava Jato e outras investigações mostram que quando expostas à luz do dia a visão de Rousseau pode haver encontrado seu maior e mais complexo desafio na Democracia Brasileira. Quando exerceu sua função constitucional no impeachment da Presidente Dilma por agir ao arrepio da lei, o legislativo brasileiro arvorou-se de um alto plano moral hoje deslegitimado pela presença de demagogos, oportunistas e corruptos entre os responsáveis pela elaboração das leis que regem o país.
O povo brasileiro é vítima daqueles que elegeram. O poder legislativo sofre de um descrédito sem precedentes desde as câmaras de vereadores de pequenas cidades até o Congresso Nacional. Seus líderes, notórios pelo abuso do poder, pelos privilégios e imunidade a eles concedidos. Fortalecidos pelo princípio de que tudo que a lei não proíbe é permitido, o fisiologismo e o clientelismo político adotam este raciocínio como folha de parreira para encobrir pecados da corrupção, tão presentes na Democracia Brasileira que são tratados como corriqueiros, coisas da política pelos infratores e seus eleitores. A tirania indireta da classe política usa artifícios semânticos e quase legais para subverter ou exceder os limites de uma lei, contradizendo todos os princípios democráticos e éticos essenciais na relação entre governantes e governados.
Frequentes abusos do patrimônio público por oficiais eleitos, seus acólitos e familiares são tão comuns, ao ponto da maioria da população não se indignar, quando ocorre uma apropriação daquilo que é por direito dela. Cidadãos deixando de exercer seus direitos e obrigações, afastando-se da política por não se sentir parte do Estado ou ser por ele reconhecidos. Expondo a fragilizada Democracia Brasileira aos germes nocivos do populismo, demagogia e a desagregadora postura do nóis-contra-eles.