O Ricardo de sempre
Há quem venha estranhando o comportamento beligerante do nosso ínclito, preclaro e insigne governador com o prefeito Luciano Agra e seu ex-secretário Nonato Bandeira. Ricardo tem usado artilharia pesada para desmoralizar um e outro que, até bem pouco tempo, eram parceiros do seu íntimo círculo político.
Mas, não é de se estranhar. Quando iniciou sua carreira política, Ricardo Coutinho se ancorou em gente como Agra, Roseana Meira, Elzário Pereira, Rossana Honorato, Alexandre Urquiza (que até se desfez de um carro pra ajudar em sua primeira eleição) e outros. E onde eles estão atualmente? Todos descartados.
Eles foram imprescindíveis em determinado momento quando serviram de lastro ao seu projeto político. Depois, se tornaram um peso que era necessário descartar para seguir em frente. Outros foram agregados, ao longo do tempo, e igualmente jogados fora sempre que iam perdendo a sua utilidade política.
Nadja Palitot, por exemplo. Foi a ex-vereadora quem construiu o PSB no Estado, ao lado de Gilvan Freire. Foi dela a iniciativa de acomodar Ricardo em seus quadros, quando foi enxotado do PT. Logo depois, foi ela quem terminou enxotada do partido, porque já não interessava mais sua permanência.
Quando precisou de estrutura para disputar a Prefeitura de João Pessoa, em 2004, Ricardo foi buscar o apoio do PMDB de José Maranhão, Gervásio Maia, Manuel Júnior e outros. Quatro anos depois, eles se tornaram um penduricalho, que era preciso descartar. E foram todos descartados. Sumariamente.
Como também, logo depois, enxotou praticamente todos os deputados do partido, como Guilherme Almeida e Marconi Gadelha. Eles tinham se tornando um empecilho aos seus planos futuros. Era, então, necessário se desfazer do peso morto, que poderia comprometer sua ambiciosa estratégia de poder.
Em 2010, precisou de uma âncora peso-pesado para catapultar e dar credibilidade para sua candidatura a governador. Com disfarçada humildade, foi buscar o apoio de Cássio Cunha Lima, que trouxe a reboque o ex-senador Efraim Morais. Sabia do quanto Cássio queria se vingar de Maranhão e apostou suas fichas.
Hoje, Efraim não passa de um zumbi dentro do Governo, titulando uma secretaria, onde não tem poder sequer para autorizar uma diária. Quanto a Cássio, foi talvez o senador do Brasil que sofreu a maior humilhação pública, quando foi barrado por RC na audiência, em Brasília, com um ministro de Dilma.
Então, não deveria ser surpresa pra ninguém o que o nosso ínclito, preclaro e insigne governador vem patrocinando contra o prefeito Luciano Agra. Tampouco contra seu ex-secretário Nonato Bandeira, personagem com quem, é bom que se diga, maquinou boa parte das suas estripulias políticas.
Usar e descartar faz parte da personalidade política do governador, eis a verdade. O mesmo vai ocorrer com os seus atuais parceiros. Basta se tornarem descartáveis ou contrariar seus projetos pessoais.