OPERAÇÃO CALVÁRIO Azevedo não deve renovar contrato de terceirização do Trauma com a Cruz Vermelha
O governador João Azevedo, aparentemente, se desencantou de vez com a Cruz Vermelha gaúcha. Pelo menos foi o que deixou transparecer, esta sexta (dia 8), em conversas com a Imprensa. João admitiu que não deverá mesmo renovar o contrato de terceirização do Hospital de Trauma com a CV. Mas, deverá assinar com outra organização social.
Azevedo se referiu à intervenção, que promoveu no Hospital de Trauma após o escândalo revelado pela Operação Calvário: “O relatório da intervenção deverá trazer a indicação de qual posição nós deveremos tomar. Como os contratos terminam em junho deste ano, a nossa determinação é que se inicie um processo de seleção de novas OSs já a partir de março.”
Além do Hospital de Trauma, o governador deixou transparecer que também deverá mudar as OSs que terceirizam outras unidades do Estado, como o Hospital Metropolitano de Santa Rita, o Geral de Mamanguape e a Maternidade Peregrino Filho de Patos.
O contrato com a Cruz Vermelha foi assinado, inicialmente, em julho de 2011, pelo ex Ricardo Coutinho, que promoveu sua renovação, ano após ano, até dezembro do ano passado quando, no apagar das luzes de sua gestão, decidiu por um novo aditivo, estendendo o contrato até o mês de junho deste ano.
Calvário – A rescisão anunciada por João é, aparentemente, um desdobramento da Operação Calvário, que resultou na prisão, em João Pessoa, do empresário Roberto Kremser Calmon e do ex-assessor e braço direito da secretária Livânia Farias (Administração), Leandro Nunes Azevedo.
Segundo investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Paraíba, uma “organização criminosa” infiltrada na Cruz Vermelha gaúcha, teria movimentado R$ 1,7 bilhão.
A Operação desencadeou, em dezembro último, a prisão de mais onze pessoas (afora Kremser), dentre eles Daniel Gomes da Silva, que os policiais federais consideraram “o chefe da quadrilha”. Como se sabe, Jaime Gomes, tio de Daniel, doou R$ 300 mil à campanha do então candidato a governador Ricardo Coutinho em 2010. Seis meses após assumir o governo, Ricardo terceirizou o Hospital de Trauma.
A terceirização do Hospital de Trauma com a Cruz Vermelha gaúcha foi alvo de contestação, não apenas do Tribunal de Contas do Estado, mas também da Procuradoria do Trabalho e a ONG faturou, desde julho de 2011, quando foi contratada pelo então governador Ricardo Coutinho, algo em torno de algo em torno de R$ 1 bilhão.
Vale lembrar que, até dezembro de 2010, o Hospital de Trauma era gerido por pouco mais de R$ 4 milhões. Quando o ex Ricardo Coutinho contratou a CV, o valor saltou para R$ 8,2 milhões. Desde então, o valor só tem aumentado. Em agosto último, os valores mensais já ultrapassavam R$ 14 milhões e os valores totais repassados já somavam mais de R$ 822 milhões.
Pelo que se comenta nos bastidores, é possível que, em breve, a Operação Calvário tenha novos fatos que poderão, inclusive, chegar a agentes públicos. Reportagem da Globo News revelou, a partir de informações do Ministério Público do Rio de Janeiro, que “a quadrilha atuava na Paraíba com o pagamento de agentes públicos”. Seriam precisamente estes agentes públicos o próximo algo da Operação Calvário.