OPERAÇÃO CALVÁRIO Livânia disse muito mais ficando em silêncio
A ex-secretária Livânia Farias foi acusada pelo ex-assessor e braço direito, Leandro Nunes Azevedo, de liderar uma célula da organização criminosa que desviou dinheiro da Cruz Vermelha gaúcha, e foi desbaratado pela Operação Calvário, em dezembro de 2018. Mas, mesmo apontada como uma das cabeças do esquema, Livânia preferiu ficar calada durante audiência no Ministério Público.
Permanecer em silêncio é direito constitucional, claro. Como, aliás, bem pontuou seu advogado, Solon Benevides. Mas, não seria uma excelente oportunidade para Livânia protestar inocência? Ela poderia, simplesmente, rebater a denúncia de seu ex-assessor. Teve a chance de fazer, e não fez. E por que não fez? Seria algo do tipo quem cala, consente? Ou, tudo que falasse poderia complicar ainda mais sua vida?
A regra é: quem é inocente, fala. Mas, essas são perguntas sem respostas, porque… Livânia, assessorada pelo seu advogado, preferiu silenciar. É verdade que essa foi apenas a primeira de uma série de outras audiências. Enquanto isso, a força tarefa da Calvário seguirá suas investigações, não apenas com os elementos fornecidos por Leandro, mas também, e especialmente, as delações de Daniel Gomes e sua secretária Michele Cardozo…
Daniel, que também está preso, no Rio de Janeiro, é apontado como o líder da organização criminosa. Michele foi a personagem flagrada pela força tarefa, num hotel do Rio de Janeiro, entregando uma caixa com cerca de R$ 1 milhão para Leandro. Sabe-se que ela esteve outras vezes na Paraíba para trazer outras caixas, inclusive em plena campanha eleitoral. Pombo correio, mula, ou o que seja, Michele decidiu falar.
E o fato é que, se demorar muito, Livânia poderá não ter mais o que negociar em uma eventual delação no futuro. E, com os elementos constantes dos autos, a suspeita é que venha a sofrer sozinha duras penas com condenações judiciais. Então, por que o silêncio de Livânia? A impressão é que, ficando em silêncio, em vez de reivindicar inocência, sinalizaria certa lealdade de calar para não comprometer parceiros.
Sendo assim, meu caro Paiakan, talvez Livânia, por alguma razão, esteja tentando proteger tais parceiros. O que seria ainda mais grave, pelo menos aos olhos da Justiça. Pode até não ser, mas foi essa impressão que deixou. Então, no fim, foi um silêncio que disse muito.