Os desafios do centrismo, confira com Palmarí de Lucena
Para a maioria dos brasileiros, o sensor ótico ideológico só enxerga a direita ou a esquerda, “lamentavelmente, o centrismo como uma opção está encolhendo ou mesmo desaparecendo da paisagem política” no País. Essa a abordagem mais recente do escritor Palmarí de Lucena, na crónica “Desafios do centrismo”. Confira a íntegra de seu comentário:
O visual é um fator importante nas escolhas políticas. O imaginário do eleitorado brasileiro por exemplo, identifica dois tipos de partidários: direitistas em verde-amarelo e esquerdistas em vermelho. Dicotomia que amplia divisões sociais e um clima de guerra de exaustão, entre pessoas com opiniões diferentes sobre o rumo do país. A possibilidade da formação de um amplo espectro político, ou seja, a direita e a esquerda alinhadas nitidamente em lados opostos e pessoas razoáveis que vêm mérito em ambas propostas, um antídoto contra a toxicidade do extremismo desagregador.
Lamentavelmente, o centrismo como uma opção está encolhendo ou mesmo desaparecendo da paisagem política. O fortalecimento dos extremos subestima a governabilidade, tornando quase impossível encontrar soluções duradouras para os desafios e problemas da atualidade. Evidencia-se a ansiedade dos seus proponentes pela construção de uma esfera política mais ordenada e sóbria. Política sem conflitos onde pessoas de boa vontade poderiam concordar sobre alguns princípios básicos, depois debater civilmente sobre suas diferenças e opções programáticas.
Os aspectos que fazem o centro tão atraente, entretanto, são também as que subestimam sua viabilidade como uma alternativa. É muito difícil mobilizar apoio popular para uma mensagem política que enfatiza pragmatismo, compromisso e limites, quando você não pode explicar claramente o que é um “centrista” no meio de conflitos políticos provocados por guerras culturais.
Centrismo é mais sobre processo do que ideologia, praticidade política sobre absolutismo moral. Leque de ideias construído principalmente por aquilo que outras pessoas pensam. Localização no espectro político dependendo principalmente do que está acontecendo nos extremos. É difícil ser centrista, talvez impossível, nas águas traiçoeiras e arrebites dos desafios e questionamentos antidemocráticos, mas vale a pena exercer a opção se quisermos preservar nossa vocação republicana.