PÁ DE CAL… Toffoli anula provas, exuma Odebrecht, sepulta Lava Jato e até desmente o que dizia Barroso
É um verdadeiro milagre, meu caro Paiakan, que os fósseis da Lava Jato tenham resistido até agora, após ataques de todos os lados. Mas, nada se compara à mais recente e suprema decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.
Do nada, Toffoli pôs em dia (!) a agenda de desconstrução da maior operação de combate à corrupção por essas latitudes. De uma penada só, anulou todas as provas que incriminavam vários fichados na operação, no famoso conluio com a Odebrecht.
Segundo Toffoli, a operação “tratou-se de uma armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações contra legem (contrário à lei)”.
E ainda: “Digo sem medo de errar, foi o verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições que já se prenunciavam em ações e vozes desses agentes contra as instituições e ao próprio STF.”
Com sua decisão, não apenas inocentou todos os envolvidos, sejam ou não culpados, mas também exumou a Construtora Odebrecht, pivô do maior esquema de corrupção do hemisfério, com desdobramentos em vários países, como no Peru.
Lá, onde a Justiça operou por outra métrica nada menos do que quatro ex-presidentes (Alejandro Toledo, Alan García, Ollanta Humala e Pedro Pablo Kuczynski) foram implicados. E não parou por aí: um deles (Alan Garcia) até cometeu suicídio, diante do escândalo com a Odebrecht. (mais em https://tinyurl.com/nz8zabkd)
Já no Brasil…
Contraponto – No Brasil, meu caro Paiakan, decisão de Toffoli vai até à contramão do que afirmou o também ministro Luiz Roberto Barroso, em 22 de abril de 2021, quando de julgamento no Supremo sobre atuação do ex-juiz Sérgio Moro, no âmbito da Lava Jato.
Disse Barroso: “Os números da atuação da 13ª Vara Federal de Curitiba são muito impressionantes. Foram 179 ações penais, com 553 denunciados. 184 condenações em primeira instância confirmadas em segunda instância. 209 acordos de colaboração e 17 acordos de leniência. Foram devolvidos aos cofres públicos 4,3 bilhões que tinham sido desviados.”
E ainda: “Foi uma operação que revelou um quadro impressionante e assustador de corrupção de norte a sul e de leste a oeste no Brasil. Criou-se um mundo paralelo de esperteza e desonestidade que naturalizou as coisas erradas no País.” (mais em https://tinyurl.com/3h7yvwyw)
Ou seja, a decisão de Toffoli simplesmente desmonta o que defendia Barroso.